A festa nas frestas de um país em ruínas: Reivindicação da memória e celebração da vida a partir do carnaval afro-mineiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.14694

Palavras-chave:

Carnaval de Belo Horizonte, Bloco Afro, Educação Popular Negra, Lei 10.639/2003.

Resumo

Este artigo teve como proposta dialogar com os saberes e sentidos criados e movimentados pelo bloco afro Angola Janga durante o Carnaval da capital mineira. A intenção foi refletir a maneira que esses saberes e sentidos afrodiaspóricos, presentes na folia, operavam na reivindicação da memória e convocação da alegria a partir de uma postura crítica e criativa frente ao contexto brasileiro: devastado após o ápice da letalidade provocada pela pandemia de Covid-19 associada à tomada do poder político-partidário da extrema-direita. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, pautado em revisão bibliográfica e observação participante, entre outros. Os achados da pesquisa apontam que os saberes e sentidos criados e movimentados no Carnaval constituem espaços-tempos educativos, estéticos e políticos antirracistas desde as corporeidades negras em movimento festivo.

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Publicado

2024-03-08

Como Citar

dos Santos, M. L., & da Silva, N. N. (2024). A festa nas frestas de um país em ruínas: Reivindicação da memória e celebração da vida a partir do carnaval afro-mineiro. Revista Contexto &Amp; Educação, 39(121), e14694. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.14694

Edição

Seção

Interculturalidade e Educação