O uso do tempo pelas crianças fora da escola: Um reflexo da desigualdade de gênero na infância

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.13825

Palavras-chave:

Atividades Extracurriculare, Divisão de Tarefas, Gênero, Clima Familiar

Resumo

A maneira como as crianças usam o tempo fora da escola demonstra como o gênero tem implicações nas relações humanas e na forma como elas percebem os contextos que frequentam. Com isso, o objetivo deste estudo foi identificar se há diferenças na percepção do ambiente familiar, na satisfação com a vida e no envolvimento em atividades extracurriculares entre meninas e meninos. A metodologia utilizada foi um estudo de campo com abordagem quantitativa e com delineamento exploratório-descritivo. Os participantes foram 90 estudantes, 47 meninas e 43 meninos, com idade média de 8,53 anos (DP = 0,50). Na coleta de dados, foram utilizados uma escala de envolvimento em atividades extracurriculares, uma escala multidimensional de satisfação de vida para Crianças e uma escala de percepção do clima familiar. Os resultados indicaram a existência de diferenças relacionadas ao gênero no que se refere a percepção do ambiente familiar, na satisfação com a vida e no envolvimento em atividades extracurriculares. As meninas se envolvem mais com atividades extracurriculares estruturadas e com as tarefas acadêmicas/responsáveis. Além disso, elas percebem a escola de maneira melhor e se veem fazendo menos atividades interessantes. Os meninos percebem o clima familiar mais positivo do que elas.

Referências

ANTENORE, Armando. A revanche da babá - uma atriz em busca da própria cura. Piauí, Rio de Janeiro, n. 140, p. 34-39, 2018.

BARTHOLOMAEUS, Clare; SENKEVICS, Adriano Souza. Accounting for Gender in the Sociology of Childhood: Reflections From Research in Australia and Brazil. SAGE Open, v. 5, n. 2, p. 1-9, 2015.

BRANDÃO, Anna Paula; LORDELO, Lia da Rocha. Significados de atividades extracurriculares para crianças bailarinas. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 477-486, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, Diário Oficial da União, 12 dezembro 2012.

BRONFENBRENNER Urie. A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados. São Paulo: Artmed, 2002.

BRONFENBRENNER, Urie; EVANS, Gary W. Developmental science in the 21st century: Emerging questions, theoretical models, research designs and empirical findings. Social Development, Hoboken, v. 9, n. 1, p. 115-125, 2000.

BRONFENBRENNER, Urie; MORRIS, Pamela A. The bioecological model of human development. In: LERNER, R. (Ed.), Handbook of Child Psychology: Theoretical models of human development. Hoboken, NJ: Wiley, 2006, 6th ed., p. 793-828.

BRUSCHINI, Maria Cristina A.; RICOLDI, Arlene Martinez. Família e trabalho: difícil conciliação para mães trabalhadoras de baixa renda. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 136, p. 93-123, 2009.

CARDOSO, Guilherme; HERMETO, Ana. Detalhando o perfil de atividade dos jovens brasileiros que não estudam nem trabalham: o papel da busca por trabalho e dos afazeres domésticos. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 38, p. 1–20, 2021.

CARVALHO, Marília Pinto de; LOGES, Tatiana Avila; SENKEVICS, Adriano Souza. Famílias de setores populares e escolarização: acompanhamento escolar e planos de futuro para filhos e filhas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 81-99, 2016.

CARVALHO, Marília Pinto de; SENKEVICS, Adriano Souza. “Third World” Girls: Gender, Childhood and Colonialism. Open Journal of Social Sciences, Novi Sad, v. 5, n. 6, p. 125-138, 2017.

CARVALHO, Marília Pinto de; SENKEVICS, Adriano Souza; LOGES, Tatiana Avila. O sucesso escolar de meninas de camadas populares: qual o papel da socialização familiar? Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 717-734, 2014.

CARVALHO, Marília. The influence of family socialization on the success of girls from poor urban communities in Brazil at school. Gender and Education, Oxfordshire v. 27, p. 583-598, 2015.

CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: nVersos, 2015.

CORDAZZO, Sheila Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís; ALMEIDA, Ana Maria Tomás. Brincadeiras de crianças brasileiras e portuguesas no contexto escolar. Journal of Human Growthand Development, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 1-13, 2012.

GADBOIS, Shannon; BOWKER, Anne. Gender Differences in the Relationships Between Extracurricular Activities Participation, Self-description, and Domain-specific and General Self-esteem. Sex Roles, New York, n. 56, p. 675–689, 2007.

GAMA, Rafaela Cordeiro; ANASTÁCIO, Zélia Ferreira Caçador; MIRANDA, Meiri Aparecida Gurgel de Campos. Questões de sexualidade e gênero no 1º ciclo do ensino básico: legitimidade, moralidade e temas. Revista Contexto & Educação, Ijuí, v. 37, n. 117, p. 128–139, 2022.

GARCIA, Bruna Carolina; MARCONDES, Glaucia dos Santos. As desigualdades da reprodução: homens e mulheres no trabalho doméstico não remunerado. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 39, p. 1–23, 2022.

GIACOMONI, Claudia Hofheinz; SOUZA, Luciana Karine de; HUTZ, Claudio Simon. Você é feliz? A autopercepção da felicidade em crianças. Psicologia da Educação, São Paulo, v. 43, p. 13-22, 2016.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

GUERREIRO, Ana Marlene; VIEIRA, Luís Sérgio. O papel dos estilos parentais, do bem-estar subjetivo dos pais e da educação pré-escolar no bem-estar subjetivo da criança. Cadernos do Aplicação, Porto Alegre, v. 26, n. 2, p. 19-36, 2013.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Rio de Janeiro, RJ: IBGE, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html?edicao=27762%5C&t=downloads.

MALONDA, Elisabeth; TUR-PORCAR, Ana; LLORCA, Anna. Sexism in adolescence: parenting styles, Division of housework, prosocial behaviour and aggressive behaviour. Revista de Psicología Social, Novi Sad, v. 32, n. 2, p. 333–361, 2017.

MARIANO, Marina; ALTMANN, Helena. Educação Física na Educação Infantil: educando crianças ou meninos e meninas? Cadernos Pagu, Campinas, v. 46, p. 411-438, 2016.

MATIAS, Neyfsom Carlos Fernandes. Atividades extracurriculares no Brasil: revisão sistemática da literatura. In: Barbosa, F. C. (Org.). Desafios da Psicologia no Brasil. Piracanjuba, GO: Editora Conhecimento Livre, 2020a, p. 217-233.

MATIAS, Neyfsom Carlos Fernandes. Elaboração de uma Escala de Envolvimento em Atividades Extracurriculares para Crianças. Ciências Psicológicas, Montevideo, v. 13, n. 2, p. 235-248, 2019.

MATIAS, Neyfsom Carlos Fernandes Matias. Relações entre Nível Socioeconômico, Atividades Extracurriculares e Alfabetização. Psico-USF, Campinas, v. 23, n. 3, p. 567-578, 2018.

MATIAS, Neyfsom Carlos Fernandes. Satisfação de vida, clima familiar e participação de crianças em atividades extracurriculares. Psico, Porto Alegre, v. 51, n. 4, p. 1-12, 2020b.

MATIAS, Neyfsom Carlos Fernandes; TEODORO, Maycoln Leôni Martins. Adaptação do Inventário do Clima Familiar para Crianças (ICF-C). Avaliação Psicológica, Campinas, v. 17, n. 1, p. 20-27, 2018.

NASCIMENTO, Célia Regina Rangel; TRINDADE, Zeidi Araujo. Criando meninos e meninas: investigação com famílias de um bairro de classe popular. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 62, n. 2, p. 187-200, 2010.

OLIVEIRA, Cyntia Mendes de; FILHO, Euclides José de Mendonça; MARASCA, Aline Riboli; BANDEIRA, Denise Ruschel; GIACOMONI, Claudia Hofheinz. Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Crianças: Revisão e Normas. Avaliação Psicológica, Campinas, v. 18, n. 1, p. 31-40, 2019.

OLIVEIRA, Myllena Camargo de; JAEGER, Angelita Alice. Equidade de Gênero na Formação Docente em Educação Física. Revista Contexto & Educação, Ijuí, v. 37, n. 118, p. e12725, 2022.

PASQUALI, Luiz. Psicometria: teoria dos testes na Psicologia e Educação. Editora Vozes: Petrópolis. 4ª edição, 2011.

PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 77-98, 2005.

PICANÇO, Felícia; ARAÚJO, Clara Maria de; COVRE-SUSSAI, Maira. Papéis de gênero e divisão das tarefas domésticas segundo gênero e cor no Brasil: outros olhares sobre as desigualdades. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 38, p. 1–31, 2021.

REIS, Toni; EGGERT, Edla. Ideologia de Gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação & Sociedade, Campinas, v. 38, n. 138, p. 09-26, 2017.

SÁ SILVA, Suzana Patrícia de; SANDRE-PEREIRA, Gilza; SALLES-COSTA, Rosana.. Fatores sociodemográficos e atividade física de lazer entre homens e mulheres de Duque de Caxias/RJ. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 11, p. 4491-4501, 2011.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, 2017, p. 71-99.

SENKEVICS, Adriano Souza; CARVALHO, Marília Pinto de. Casa, rua, escola: gênero e escolarização em setores populares urbanos. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 45, n. 158, p. 944-968, 2015.

SILVA, Doralúcia Gil da; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco. Avaliação do bem-estar subjetivo em adolescentes: Relações com sexo e faixa etária. Análise Psicológica, Lisboa, v. 36, n. 2, p. 133-143, 2018.

SILVA, Sarah Danielle Baia; PONTES, Eline Freire; MAGALHÃES, Fernando Augusto Ramos; COLINO, Celina Maria; SILVA, Simone Souza da Costa. Brincadeiras de rua em Belém-PA: Uma análise de gênero e idade. Psicologia: Teoria e Prática, Brasília, v. 14, n. 2, p. 28-42, 2012.

STORTO, Letícia Jovelina; ZANARDI, Reinaldo César. Análise discursiva de Governo coloca ideologia de gênero no ENEM do pastor Silas Malafaia: discurso político, da natureza e do ódio. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 19, n. 3, p. 383-400, 2019.

TILIOUINE, Habib; REES, Gwyther; MOKADDEM, Sahil. Changes in self‐reported well‐being: A follow‐up study of children aged 12–14 in Algeria. Child Development, Hoboken, v. 90, n. 2, p. 359-374, 2019.

VIANNA, Claudia; FINCO, Daniela. Meninas e meninos na Educação Infantil: uma questão de gênero e poder. Cadernos Pagu, Campinas, v. 33, p. 265-283, 2009.

VISENTINI, Íngrid Schmidt. Construindo o Gênero na Escola: Ações Visíveis e Invisíveis. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, Foz do Iguaçu, v. 5, n. 4, p. 1-15, 2019.

Downloads

Publicado

2024-02-20

Como Citar

Leão, L. C., & Matias, N. C. F. (2024). O uso do tempo pelas crianças fora da escola: Um reflexo da desigualdade de gênero na infância. Revista Contexto &Amp; Educação, 39(121), e13825. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.13825

Edição

Seção

Interculturalidade e Educação