O inventário de plantas como possibilidade para a redução da cegueira botânica desde o ensino fundamental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.13344

Palavras-chave:

Biodiversidade, Cegueira Botânica, Educação Básica, Ensino

Resumo

As plantas são responsáveis pela sobrevivência da maioria das espécies. Apesar disso, mesmo com tamanha importância, os vegetais ainda são pouco valorizados na Educação Básica. Em um fenômeno descrito como cegueira botânica, as plantas são pouco percebidas em um ambiente natural ou na vida cotidiana. Neste trabalho, buscou-se analisar as manifestações da cegueira botânica e as possibilidades de superar esse fenômeno por meio da valorização do conhecimento da biodiversidade vegetal. Para esse fim, foi proposta uma atividade intitulada “Inventário Botânico”, destinada ao 6° ano do Ensino Fundamental e aplicada em uma escola pública, situada na zona urbana de Santa Maria/RS. Para a análise dos possíveis efeitos da estratégia didática foram aplicados instrumentos de pré-teste e pós-teste intitulados “Stop Vegetal”. A média no pré-teste foi de 18 espécies citadas, com desvio padrão de 9,68. Já no pós-teste a média foi de 23 espécies citadas e o desvio padrão de 12,72. Os alunos demonstraram reconhecer um maior número de espécies vegetais após a aplicação do Inventário Botânico, passando a observar mais plantas em seu meio. Tal resultado sinaliza que atividades didáticas que contextualizam a botânica com a realidade do aluno podem colaborar para a redução da cegueira botânica e para um maior reconhecimento da biodiversidade vegetal.

Referências

ALTHAUS-OTTMANN, M. M.; CRUZ, M. J. R.; FONTE, N. N. Diversidade e uso das plantas cultivadas nos quintais do Bairro Fanny, Curitiba, PR, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 39-49, 2011. Disponível em: http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/1646. Acesso em: 21 jun. 2021.

BALDING, M.; WILLIAMS, K. J. H. Plant blindness and the implications for plant conservation. Conservation Biology, Washington, v. 30, n. 6, p. 1.192-1.199, 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/cobi.12738. Acesso em: 21 jun. 2021.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2005.

CHRISTENHUSZ, M. J. M.; BYNG, J. W. The number of known plants species in the world and its annual increase. Phytotaxa, Auckland, v. 261, n. 3, p. 201-217, 2016. DOI: https://doi.org/10.11646/phytotaxa.261.3.1. Acesso em: 21 jun. 2021.

DE FARIAS FILHO, E. N. Percepções dos alunos sobre a utilização de uma área verde como espaço não formal para o ensino de botânica. Experiências em Ensino de Ciências, v. 14, n. 3, p. 556-568, 2019. Disponível em: https://fisica.ufmt.br/eenciojs/index.php/eenci/article/view/287. Acesso em: 25 nov. 2022.

DE SOUZA, I. P.; DA SILVA, V. R.; DE SOUZA MACIEL, E. R. A horta e jardim florido, uma experiência de aprendizagem em classes multisseriadas. Revista Eletrônica Mutações, v. 8, n. 14, p. 189-192, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/relem/article/view/3589. Acesso em: 25 nov. 2022.

DIAS, G. F. Atividades interdisciplinares de educação ambiental. São Paulo: Global Editora e Distribuidora, 2015.

DOS SANTOS, R. E.; DE MACEDO, G. E. L. Aprendizagem significativa de conceitos botânicos em uma classe de jovens e adultos: análise dos conhecimentos prévios. Contexto & Educação, Ijuí, v. 32, n. 101, p. 105-124, 2017. DOI: https://doi.org/10.21527/2179-1309.2017.101.105-124. Acesso em: 21 jun. 2021.

FERREIRA, A. P. N. L.; FERREIRA, M. L.; FRANCOS, M. S.; MOLINA, S. M. G. Espaços residenciais urbanos e suas implicações na conservação da biodiversidade. In: BENINI, S. M.; ROSIN, J. A. R. G. (org.). Estudos urbanos: uma abordagem interdisciplinar da cidade contemporânea. 1. ed. Tupã: Anap, 2015. p. 349-361.

FORZZA, R. C.; BAUMGRATZ, J. F. A.; BICUDO, C. E. M.; CANHOS, D. A. L.; CARVALHO JR., A. A.; COELHO, M. A. N.; COSTA, A. F.; COSTA, D. P.; HOPKINS, M. G.; LEITMAN, P. M.; LOHMANN, L. G.; LUGHADHA, E. N.; MAIA, L. C.; MARTINELLI, G.; MENEZES, M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; PIRANI, J. R.; PRADO, J.; QUEIROZ, L. P.; SOUZA, S.; SOUZA, V. C.; STEHMANN, J. R.; SYLVESTRE, L. S.; WALTER, B. M. T.; ZAPPI, D. C. New brazilian floristic list highlights conservation challenges. BioScience, Herndon, v. 62, n. 1, p. 39-45, 2012. DOI: https://doi.org/10.1525/bio.2012.62.1.8. Acesso em: 12 jun. 2021.

GIAM, X.; BRADSHAW, C. J. A.; TAN, H. T. W.; SODHI, N. S. Future habitat loss and the conservation of plant biodiversity. Biological Conservation, Washington, v. 143, n. 7, p. 1.594-1.602, 2010. DOI: https://doi.org/10.1016/j.biocon.2010.04.019. Acesso em: 10 jul. 2021.

HERSHEY, D. R. A historical perspective on problems in botany teaching. The American Biology Teacher, Berkeley, v. 58, n. 6, p. 340-347, 1996. DOI: https://doi.org/10.2307/4450174. Acesso em: 15 jun. 2021.

HERSHEY, D. R. Plant blindness: “We have met the enemy and he is us”. Plant Science Bulletin, St. Louis, v. 48, n. 3, p. 78-85, 2002. Disponível em: http://botanicaonline.com.br/geral/arquivos/Hershey.2002.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.

KERSHAW JR., J. A.; DUCEY, M. J.; BEERS, T. W.; HUSCH, B. Forest mensuration. New York: John Wiley & Sons, 2016.

KRASILCHIK, M. Prática de biologia. São Paulo: Edusp, 1996.

MACKENZIE, C. M.; KUEBBING, S.; BARAK, R. S.; BLETZ, M.; DUDNEY, J.; MCGILL, B. M.; NOCCO, M. A.; YOUNG, T.; TONIETTO, R. K. We do not want to “cure plant blindness” we want to grow plant love. Plants, People, Planet, Richmond, v. 1, n. 3, p. 139-141, 2019. DOI: https://doi.org/10.1002/ppp3.10062. Acesso em: 12 jul. 2021.

MALHEIROS, B. T.; ROCHA, F. T. Metodologia da pesquisa em educação. São Paulo: Grupo Gen-LTC, 2011.

MERHY, T. S. M.; SANTOS, M. G. A etnobotânica motivando o ensino de ciências no Ensino Fundamental. Revista Práxis, Volta Redonda, v. 9, n. 17, p. 9-22, 2017. Disponível em: http://revistas.unifoa.edu.br/index.php/praxis/article/view/676. Acesso em: 13 jul. 2021.

NASCIMENTO, A. P. B.; SILVA, M. R.; GARAVELLO, M. E. P. E.; MOLINA, S. M. G. Quintais domésticos: conhecimento, tradição e utilidades no município de Piracicaba, SP. In: WORLD CONGRESS ON ENVIRONMENTAL HEALTH, 9., 2006, Dublin. Anais [...]. Dublin: Natural Resources for the Health of Future Generations, 2006. p. 462-464.

NEVES, A.; BÜNDCHEN, M.; LISBÔA, C. P. Cegueira botânica: é possível superá-la a partir da Educação? Ciência & Educação, Bauru, v. 25, n. 3, p. 745-762, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1516-731320190030009. Acesso em: 12 jun. 2021.

OLIVEIRA, F.; PEREIRA, E.; JÚNIOR, A. P. Horta escolar, educação ambiental e a interdisciplinaridade. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 13, n. 2, p. 10-31, 2018. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-349. Acesso em: 25 nov.2022.

PANY, P.; LÖRNITZO, A.; AULEITNER, L.; HEIDINGER, C.; LAMPERT, P.; KIEHN, M. Using students’ interest in useful plants to encourage plant vision in the classroom. Plants, People, Planet, Richmond, v. 1, n. 3, p. 261-270, 2019. DOI: https://doi.org/10.1002/ppp3.43. Acesso em: 2 jun. 2021.

PARSLEY, K. M. Plant awareness disparity: a case for renaming plant blindness. Plants, People, Planet, Richmond, v. 2, n. 6, p. 598-601, 2020. DOI: https://doi.org/10.1002/ppp3.10153. Acesso em: 12 jun. 2021.

PÉLLICO NETTO, S.; BRENA, D. Inventário florestal. Curitiba: UFPR, 1997.

PERNA, T. A.; LAMANO-FERREIRA, A. P. N. Revisão bibliométrica sobre o cultivo de plantas medicinais em quintais urbanos em diferentes regiões do Brasil (2009-2012). Unopar Científica Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 16, n. 1, p. 61-67, 2014. DOI: https://doi.org/10.17921/2447-8938.2014v16n1p%25p. Acesso em: 9 jun. 2021.

PROENÇA, M.; DAL-FARRA, R. A.; OSLAJ, E. Espécies nativas e exóticas no ensino de ciências: uma avaliação do conhecimento dos estudantes do ensino fundamental. Contexto & Educação, Ijuí, v. 32, n. 103, p. 213-247, 2017. DOI: https://doi.org/10.21527/2179-1309.2017.103.213-247. Acesso em: 4 jun. 2021.

RAVEN, P.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

SALATINO, A.; BUCKERIDGE, M. Mas de que te serve saber botânica? Estudos Avançados, São Paulo, v. 30, n. 87, p. 177-196, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142016.30870011. Acesso em: 9 jun. 2021.

SANDERS, D. L. Standing in the shadows of plants. Plants, People, Planet, Richmond, v. 1, n. 3, p. 130-138, 2019. DOI: https://doi.org/10.1002/ppp3.10059. Acesso em: 12 jul. 2021.

SCHWARZ, M. L.; ANDRÉ, P.; SEVEGNANI, L. A riqueza biológica do bioma Mata Atlântica nas representações das crianças. Ciência & Educação, Bauru, v. 18, n. 1, p. 155-172, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S1516-73132012000100010. Acesso em: 5 jul. 2021.

SILVEIRA, R. M.; SANTOS, L. F.; FERNANDES, L. M.; FERNANDES, R. S.; CRUZ, S. C.; SANTOS, M. C. F. A horta como recurso no ensino de ciências. In: ENCONTRO REGIONAL DE ENSINO DE BIOLOGIA, 2., 2003, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF/SBEnBIO-Regional 02 (RJ/ES), 2003.

SOARES, C. P. B.; PAULA NETO, F.; SOUZA, A. L. Dendrometria e inventário florestal. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2011.

TATSCH, H. M.; SEPEL, L. M. N. Ensino de botânica em espaços não formais: percepções de alunos do Ensino Fundamental em aula de campo. Investigação, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 11, n. 4, p. e48411427393, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i4.27393. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27393. Acesso em: 25 nov. 2022.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022005000300009. Acesso em: 3 jun. 2021.

URSI, S.; BARBOSA, P. P.; SANO, P. T., BERCHEZ, F. A. D. S. Ensino de botânica: conhecimento e encantamento na educação científica. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 7-24, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/s0103-40142018.3294.0002. Acesso em: 9 jun. 2021.

WANDERSEE, J. H.; SCHUSSLER, E. E. Preventing plant blindness. The American Biology Teacher, Berkeley, v. 61, n. 2, p. 82-86, 1999. DOI: https://doi.org/10.2307/4450624. Acesso em: 12 jun. 2021.

WANDERSEE, J. H.; SCHUSSLER, E. E. Toward a theory of plant blindness. Plant Science Bulletin, St. Louis, v. 47, n. 1, p. 2-9, 2001.

Downloads

Publicado

2024-01-02

Como Citar

Tatsch, H. M., & Sepel, L. M. N. (2024). O inventário de plantas como possibilidade para a redução da cegueira botânica desde o ensino fundamental. Revista Contexto &Amp; Educação, 39(121), e13344. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.13344

Edição

Seção

Educação, ambiente e saúde