Minority Report saiu das telas e já é realidade: Uma revisão da literatura científica sobre o policiamento preditivo
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-6622.2025.64.15946Palabras clave:
Policiamento preditivo, delimitação conceitual, eficácia, vantagens, desvantagens, direitos humanosResumen
Este artigo apresenta uma revisão abrangente da literatura sobre o policiamento preditivo, abordando suas delimitações conceituais, vantagens e desvantagens apontadas pela literatura especializada, e uma análise crítica da existência de evidências empíricas sobre esses aspectos. Inicialmente, são discutidas as várias definições e conceitos relacionados ao policiamento preditivo encontrados na literatura, destacando sua aplicação de técnicas quantitativas para prever áreas geográficas com maior probabilidade de atividade criminosa, bem como indivíduos ou grupos mais propensos a cometer ou serem vítimas de crimes. Em seguida, são apresentadas as vantagens atribuídas ao policiamento preditivo, incluindo a capacidade de direcionar recursos policiais de forma mais eficiente e eficaz, a redução da criminalidade em áreas específicas e o aumento da eficiência operacional das forças policiais. No entanto, são também discutidas as desvantagens, como a falta de transparência nos modelos preditivos, o potencial para a estigmatização de grupos e indivíduos e as preocupações éticas em relação à privacidade e à proteção dos direitos civis. Por fim, o artigo emprega uma metodologia analítica-descritiva associada a uma crítico-dialética com a dupla finalidade de descrever a literatura elaborada bem como analisar criticamente a existência de evidências empíricas que respaldem tanto os aspectos positivos quanto os negativos do policiamento preditivo. Destaca-se a necessidade de pesquisas adicionais para preencher as lacunas de conhecimento e fornecer uma compreensão mais sólida dos impactos reais do policiamento preditivo na prática. Essa análise crítica busca informar políticas e práticas futuras no campo da aplicação da lei, visando um equilíbrio entre a eficácia na redução da criminalidade e o respeito aos direitos individuais e à privacidade dos cidadãos.
Citas
ANDREJEVIC, M. To Pre-Empt a Thief. International Journal of Communication, v. 11, p. 879–896, Jan. 2017.
BENNETT MOSES, L.; CHAN, J. Algorithmic prediction in policing: Assumptions, evaluation, and accountability. Policing and Society, v. 28, n. 7, p. 806-822, Nov. 2016. doi:10.1080/10439463.2016.1253695
BRAGA, A. A.; ANDRESEN, M. A.; LAWTON, B. The law of crime concentration at places: Editors’ Introduction. Journal of Quantitative Criminology, v. 33, n. 3, p. 421–426, Mar. 2017.
BRANNON, M. M. Datafied and divided: Technodimensions of inequality in American cities. City e Community, v. 16, n. 1, p. 20-24, Mar. 2017. doi:10.1111/cico.12220.
CAMACHO-COLLADOS, M.; LIBERATORE, F. A decision support system for predictive police patrolling. Decision Support Systems, v. 75, p. 25–37, Jul. 2015. doi:10.1016/j.dss.2015.04.012.
CHAINEY, S.P., et al. Crime concentration at micro-places in Latin America. Crime Science, v. 8, n. 5, Ago. 2019. https://doi.org/10.1186/s40163-019-0100-5.
CHAN, J.; BENNETT MOSES, L. Is big data challenging criminology? Theoretical Criminology, v. 20, n 1, p. 21–39, Mai. 2015. doi:10.1177/1362480615586614.
COPETTI SANTOS, A. L; WERMUTH, M. A. D. Direitos humanos, política criminal atuarial e a predição seletiva de ‘grupos de risco. ”Rumo à Elysium prometida? Culturas Jurídicas. V. 4, n. 9, p. 360-388, 2017.
COSTANZO, P.; D’ONOFRIO, F.; FRIEDL, J. Big data and the Italian legal framework: Opportunities for police forces. In: B. Akhgar, G. Saathoff, et al. (Eds.). Application of big data for national security. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2015, cap. 16, p. 238-249.
DARIO, L. M., et al. The point break effect: An examination of surf, crime, and transitory opportunities. Criminal Justice Studies, v. 28, n. 3, p. 257-279, Ago. 2015. doi:10.1080/1478601X.2015.1032409.
DATTA, A.; SEN, S.; ZICK, Y. Algorithmic transparency via quantitative input influence: Theory and experiments, with learning systems. In: Symposium on security and privacy, 2016, San Jose. Anais […]. San Jose: IEEE, p. 598–617, 2016. doi:10.2116/analsci.32.598.
DE HERT, P.; LAMMERANT, H. Predictive profiling and its legal limits: Effectiveness gone forever? In B. Van der Sloot, D. Broeders, e E. Schrijvers. (Eds.). Exploring the boundaries of big data. Amsterdam: University Press Amsterdam, 2016, v. 32, cap. 6, p. 145-173.
DOWNS, J. A. Mapping sex offender activity spaces relative to crime using time-geographic methods. Anais de GIS, v. 22, n. 2, p. 141–150, Mar. 2016. doi:10.1080/19475683.2016.1147495.
EDWARDS, L.; URQUHART, L. Privacy in public spaces: What expectations of privacy do we have in social media intelligence? International Journal of Law and Information Technology, v. 24, n. 3, p. 279–310, Set. 2016. doi:10.1093/ijlit/eaw007.
FEELEY, M. M.; SIMON, J. The New Penology: Notes on the Emerging Strategy of Corrections and Its Implications. Criminology, v. 449, 1992, Available at: http://scholarship.law.berkeley.edu/facpubs/718. Acesso em : 25 fev. 2024.
GUIZZO, A. Utopia versus dystopia e o debate rumo à literature de fim de mundo. UNILA Notícias, 2022. Disponível em: https://portal.unila.edu.br/noticias/utopia-versus-distopia-e-o-debate-rumo-a-literatura-de-fim-de-mundo#:~:text=%E2%80%9CEnquanto%20a%20distopia%20seria%20a,ponto%20narrativo%E2%80%9D%2C%20aponta%20ele. Acesso em: 23 mar. 2024.
HABERMAN, C. P.; RATCLIFFE, J. H. The predictive policing challenges of near repeat armed street robberies. Policing: A Journal of Policy and Practice, v. 6, n. 2, p. 151–166, Mai. 2012. doi:10.1093/police/pas012.
HARCOURT, B. E. Against prediction: profiling, policing and punishing in an actuarial age. Chicago: University of Chicago Press, 2007.
HILÁRIO, L. C. Teoria crítica e literatura: a distopia como ferramenta de análise radical da modernidade. Anuário de Literatura, Florianópolis, v.18, n. 2, p. 201-215, 2013. http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.2013v18n2p201.
HUNT, P.; SAUNDERS, J.; HOLLYWOOD, J. S. Evaluation of the shreveport predictive policing experiment. Santa Monica, California: Rand Corporation, Jul. 2014.
INAYATULLAH, S. The futures of policing: Going beyond the thin blue line. Futures, v. 49, p. 1–8, Mai. 2013. doi:10.1016/j.
INNES, M., FIELDING, N., COPE, N. ’The appliance of science?’: The theory and practice of crime intelligence analysis. The British Journal of Criminology, v. 45, n. 1, p. 39–57, Jan. 2005. doi:10.1093/bjc/azh053.
KITCHIN, R. Big data, new epistemologies and paradigma shifts. Big Data e Society, v. 1, n. 1, p. 1–12, Abr.-Jun. 2014 doi:10.1177/ 2053951714528481.
KUMP, P., et al. Measurement of repeat effects in Chicago’s criminal social network. Applied Computing and Informatics, v. 12, n. 2, p. 154-160, Jul. 2016. doi:10.1016/j.aci.2016.01.002
LEVINE, E. S., et al. The New York City police department’s domain awareness system. Interfaces, v. 47, n. 1, p. 70–84, Jan. 2017. doi:10.1287/inte.2016.0860.
MEIJER A.; WESSELS, M. Predictive Policing: Review of Benefits and Drawbacks, International Journal of Public Administration, v. 42, n. 12, p. 1031-1039, Fev. 2009. Doi: 10.1080/01900692.2019.1575664.
MCCUE, C. Data mining and predictive analysis: Intelligence gathering and crime analysis. 2. Ed. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2014, 395 p.
MOHLER, G. O., et al. Randomized controlled field trials of predictive policing. Journal of the American Statistical Association, v. 110, n. 512, p. 1399-1411, Out. 2015. Doi:10.1080/01621459.2015.1077710.
NATIONAL INSTITUTE OF JUSTICE (NIJ). Predictive policing. Washington, D.C., USA: 2014. Disponível em: https://www.nij.gov/topics/law-enforcement /strategies/predictive policing/Pages/welcome.aspx.
NORTON, A. A. Predictive policing: The future of law enforcement in the Trinidad and Tobago police service (TTPS). International Journal of Computer Applications, v. 62, n. 4, p. 32-36, Jan. 2013. doi:10.5120/10070-4680
PEARSALL, B. Predictive policing: The future of law enforcement. National Institute of Justice Journal, v. 266, n 1, p. 16-19, Jun. 2010. Disponível em: https://nij.ojp.gov/topics/articles/predictive-policing-future-law-enforcement#2-0
PERRY, W. L., et al. Predictive policing: The role of crime forecasting in law enforcement operations. Santa Monica: Rand Corporation, 2013. E-book. 189 p. Disponível em: https://www.rand.org/pubs/research_reports/RR233.html.
RATCLIFFE, J. H. The hotspot matrix: A framework for the spatio-temporal targeting of crime reduction. Police Practice and Research, v. 5, n. 1, p. 5-23, Fev. 2007. Doi:10.1080/1561426042000191305
SAUNDERS, J.; HUNT, P.; HOLLYWOOD, J. S. Predictions put into practice: A quasi-experimental evaluation of Chicago’s predictive policing pilot. Journal of Experimental Criminology, v. 12, n. 3, p. 347-371, Ago. 2016. Doi:10.1007/s11292-016-9272-0
SCHLEHAHN, E., et al. Benefits and pitfalls of predictive policing. In: European Intelligence and Security Informatics Conference (EISIC), 2015, Manchester. Anais […] Manchester: IEEE, p. 145–148, 2016. Doi: 10.1109/EISIC.2015.29.
TAYEBI, M. A.; GLÄSSER, U. Social network analysis in predictive policing: Concepts, models and methods. Cham: Springer International Publishing, 2016. E-book. 243 p. Doi: https://doi.org/10.1007/978-3-319-41492-8.
TOWNSLEY, M. Crime mapping and spatial analysis. In: B. Leclerc e E. Savona (Eds.). Crime prevention in the 21st century. Cham: Springer International Publishing, 2017, p. 101–112. Doi: https://doi.org/10.1007/978-3-319-27793-6_8.
VAN BRAKEL, R.; DE HERT, P. Policing, surveillance and law in a pre-crime society: Understanding the consequences of technology based strategies. v. 20, n. 20, p. 163-192, Jan. 2011. Disponível em: https://researchportal.vub.be/en/publications/policing-surveillance-and-law-in-a-pre-crime-society-understandin.
VLAHOS, J. The department of pre-crime. Scientific American, v. 306, n. 1, p. 62–67, Jan. 2012. Disponível em: https://www.scientificamerican.com/article/the-department-of-pre-crime/.
WILLIAMS, M. L., BURNAP, P., e SLOAN, L. Crime sensing with big data: The affordances and limitations of using open source communications to estimate crime patterns. British Journal of Criminology, v. 57, p. 320–340, Mar. 2016. Doi: https://doi.org/10.1093/bjc/azw031.
WEISBURD D. The law of crime concentration and the criminology of place. Criminology, v. 53, n. 2, p. 133–157, Mai. 2015. Doi: https://doi.org/10.1111/1745-9125.12070
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação na Revista Direito em Debate do(s) artigo(s) aceitos para publicação à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da revista e suas bases de dados de indexação e repositórios, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Isto significa que, ao procederem a submissão do(s) artigo(s) à Revista Direito em Debate e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, os autores têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
b. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
d. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
e. O(s) A(s) autores(as) declaram que o texto que está sendo submetido à Revista Direito em Debate respeita as normas de ética em pesquisa e que assumem toda e qualquer responsabilidade quanto ao previsto na resolução Nº 510/2016, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa.
f. Os autores declaram expressamente concordar com os termos da presente Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a submissão caso seja publicada por esta Revista.
g. A Revista Direitos em Debate é uma publicação de acesso aberto, o que significa que todo o conteúdo está disponível gratuitamente, sem custo para o usuário ou sua instituição. Os usuários têm permissão para ler, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar, criar links para os textos completos dos artigos, ou utilizá-los para qualquer outro propósito legal, sem pedir permissão prévia do editor ou o autor. Estes princípios estão de acordo com a definição BOAI de acesso aberto.
 
							









