Pedagogia da esperança feminista: Aprendizados no ensino de literatura e língua portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21527/2179-1309.2025.122.16720

Palavras-chave:

Pedagogia da Esperança Feminista, Ensino de Literatura e Língua Portuguesa, Educação Crítica

Resumo

O presente artigo analisa uma experiência pedagógica feminista e antirracista realizada em aulas de Língua Portuguesa e Literatura no 9º ano do Ensino Fundamental em uma escola municipal de Canoas, RS. Sob as perspectivas da epistemologia feminista crítica e da educação linguística baseada nos gêneros discursivos e na concepção dialógica da língua de Bakhtin, busca-se ressaltar o caráter de resistência política na ação docente a partir da ideia de pedagogia da esperança feminista, em que são costurados os saberes de Paulo Freire às perspectivas feministas interseccionais, compreendendo a educação como ferramenta de formação cidadã e de enfrentamento às desigualdades. Dentre os resultados encontrados, chama-se atenção para a possibilidade de criação de comunidades de aprendizagem a partir da realização de seminários que tematizavam a produção artística e cultural de mulheres negras sob perspectivas feministas. Nessas comunidades, constatou-se o desenvolvimento de espaços seguros para a demonstração de vulnerabilidades, construção compartilhada e democrática de conhecimentos, assim como a sensibilização social crítica por parte de alunas e alunos. Ressaltamos também a relevância dos seminários como prática do ensino de língua materna e Literatura, visto que proporcionam o compartilhamento de leituras que conectam a palavra e o vivido, desafiando currículos tradicionais hegemônicos e fomentando o pensamento crítico ao questionar desigualdades e imaginar futuros possíveis.

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Publicado

2025-08-07

Como Citar

Dalmaso-Junqueira, B., & Schmidt, G. M. (2025). Pedagogia da esperança feminista: Aprendizados no ensino de literatura e língua portuguesa. Revista Contexto & Educação, 40(122), e16720. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2025.122.16720

Edição

Seção

Políticas Linguísticas e de Internacionalização à luz do legado de Paulo Freire