Infraestrutura e sistemas socioprodutivos: Desafios para a gestão integrada em áreas protegidas do Mosaico do Baixo Rio Negro
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2025.63.16787Palavras-chave:
Amazônia Central, socioeconomia, desenvolvimento rural, Unidades de ConservaçãoResumo
Os Mosaicos de Áreas Protegidas surgem como uma abordagem para fortalecer a gestão das áreas protegidas no Brasil, visando uma governança mais eficaz por meio da integração territorial. Trazemos o caso do Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN), no Amazonas, para a reflexão sobre os desafios da gestão integrada em Unidades de Conservação com populações residentes. Através de questionários estruturados aplicados em 115 comunidades tradicionais de oito Unidades de Conservação do MBRN em 2022, caracterizamos as práticas produtivas e o acesso à itens de infraestrutura comunitária. Posteriormente, testamos a hipótese de que comunidades maiores e com mais itens de infraestrutura comunitária apresentam mais práticas produtivas. Detectamos que práticas como a agricultura, pesca, artesanato e extrativismo foram homogêneas ao longo do território, enquanto atividades turísticas, manejo de recursos naturais e pecuária foram desenvolvidos em territórios específicos. Nenhuma Unidade de Conservação pode ser caracterizada como excelente em relação ao acesso à infraestrutura, evidenciando a precariedade dos serviços na região. Constatamos que o acesso à itens de infraestrutura comunitária possibilita o desenvolvimento de mais práticas produtivas, independentemente do tamanho da comunidade. O território do MBRN revelou grande heterogeneidade no acesso à infraestrutura comunitária e nos sistemas socioprodutivos, o que dificulta a implementação de estratégias de gestão integrada. Ressaltamos o desafio significativo na gestão conjunta do território para garantir a qualidade de vida e conservar a sociobiodiversidade amazônica.
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