O território para além da construção social: síntese sujeito-cosmo e envolvimento a favor da vida
DOI :
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.61.16137Mots-clés :
território, cosmo, envolvimento popular, vidaRésumé
É interessante e intrigante como o conceito e categoria território está cada vez mais difuso entre diferentes áreas do conhecimento e em determinadas situações espaciais e temporais, em discursos políticos e estratégias de gestão. Uso, ordenamento, gestão e desenvolvimento do território estão em destaque, porém, normalmente, são utilizados de maneira superficial, confusa e inadequada tendo em vista a complexidade e indivisibilidade das relações sociedade-natureza-cosmo e tempo-espaço. Então, nesta oportunidade, decidimos discorrer e refletir sobre o território para além da sua compreensão como construção social, evidenciando duas questões que consideramos de alta relevância social e científica, ou seja, a sua amplitude e indivisibilidade no nível da relação sujeito-cosmo (transmultiescalar e transtemporal) e a sua íntima relação com a nossa vida cotidiana (em sua pluridimensionalidade), assumindo, por isso, um significado que consideramos bastante renovado, no nível do que estamos denominando de envolvimento territorial. Este é compreendido tendo como base a relação sociedade-natureza-cosmo a partir da universidade, isto é, da pesquisa, da formação e da extensão: assim podemos ultrapassar o nível da abordagem territorial, implicando-nos em cada território estudado. Nosso objetivo é refletir sobre a centralidade da universidade na sua relação com a sociedade civil organizada, destacando a necessária integração entre ciência – saberes populares e originários, em cada processo de envolvimento territorial e sustentável para todos os seres deste planeta na sua unidade com o cosmo. Outro destaque, na perspectiva teórico-prática que vamos argumentar, é para a pesquisa-ação-participativa intimamente relacionada ao método das coexistências, consoante detalharemos no decorrer do texto, tentando instigar o debate sobre a construção horizontal, dialógica e participativa de uma ciência própria, cada vez mais nossa, muito mais voltada para a resolução de problemas que são comuns em nossa vida cotidiana.
Références
ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante, 2016 [2012].
BAGNASCO, A. Tre Italie. La problematica territoriale dello sviluppo italiano. Bologna: Il Mulino, 1977.
BAGNASCO, A. Problematiche dello sviluppo e articolazione dell‟analisi: un paradigma per l‟analisi territoriale. In: BAGNASCO, A.; MESSORI, M. e TRIGILIA, C. (org.). Le problematiche dello sviluppo italiano. Milão: Feltrinelli, 1978. p. 205-251.
BECATTINI, G. Dal “settore” industriale al “distretto” industriale. In: BECATTINI, G. Il distretto industriale. Torino: Rosenberg & Sellier, 2000a [1979]. p. 41-56.
BECATTINI, G. Il distretto industriale marshalliano come concetto socio-economico. In: BECATTINI, G. Il distretto industriale. Torino: Rosenberg & Sellier, 2000b [1989]. p. 57-78.
BOHM, D. A totalidade e a ordem implicada. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.
BOHM, D. Sobre a criatividade. São Paulo: Editora da Unesp, 2011.
BORGES, J. L. Los conjurados. Buenos Aires: Emecé Editores, 2005 [1995].
CASTILLO, J. R.; CURY, M. Existem territorialidades fronteiriças? Revisão epistemológica da categoria. In: CURY, M. (org.). Representações sobre territorialidades transfronteiriças. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2022. p. 261-274.
COX, B.; FORSHAW, J. O universo quântico: tudo que pode acontecer realmente acontece. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2016.
CURY, M. Pontos das territorialidades transfronteiriças do Brasil, Argentina e Paraguai: o bordado da tríplice fronteira. In: CURY, M. (org.). Representações sobre territorialidades transfronteiriças. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2022. p. 17-36.
DALLABRIDA, V. R. Patrimônio territorial: abordagens teóricas e indicativos metodológicos para estudos territoriais. Desenvolvimento em Questão, v. 18, n. 52, p. 12-32, 2020. DOI: https://doi.org/10.21527/2237-6453.2020.52.12-32
DALLABRIDA, V. R. Territorial approach to development and the challenge of a multidimensional methodological instrument: dossier presentation, Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 18, n. 1, p. 3-7, 2022.
DALLABRIDA, V.; ROTTA, E.; BUTTENBENDER, P. Pressupostos epistêmico-teóricos convergentes com a abordagem territorial. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 17, n. 2, p. 256-273, 2021.
DEMATTEIS, G. Valorizzazione e trasformazioni territoriali. Problemi teorico-metodologici con riferimento all‟Italia Centro-Settentrionale. In: LEONE, U. (org.). Territorio e sviluppo negli spazi periferici: valorizzazione e sviluppo territoriale in Italia. Milão: Franco Angeli, 1988. p. 44-69.
DEMATTEIS, Giuseppe; MAGNAGHI, Alberto. Patrimonio territoriale e coralità produttiva: nuove frontiere per i sistemi economici locali. Scienze del Territorio, n. 6, p. 12-25, 2018.
DUSSEL, E. Ética comunitária. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
DUSSEL, E. ¿Son posibles muchas modernidades? Un diálogo sur-sur. In: LÓPEZ NÁJERA, Verónica (org.). De lo postcolonial a la descolonización: genealogías latinoamericanas. Ciudad de México: Unam, 2018. p. 138-153.
DUSSEL, E. América Latina: dependencia y liberación. Buenos Aires: Editorial las Cuarenta, 2020 [1964-1972].
ESCOBAR, A. Mundos y conocimientos de otro modo – el programa de investigación de modernidad/colonialidad latinoamericano. Tabula Rasa, Bogotá, n. 1, p. 51-86, 2003.
ESCOBAR, A. El lugar de la naturaleza y la naturaleza del lugar: globalización o posdesarrollo? In: ELÍAS, C.; CAMPILLO, R.; ROHÁN, D. (org.). Lecturas de metodología de las ciencias sociales. Chiapas: Sec. Educación del Estado de Chiapas y UNAM, 2011. p. 148-180.
FALS BORDA, O. La ciencia y el pueblo. In: GROSSI, F.; GIANOTTEN, V.; WIT, T. (org.). Investigación participativa y praxis rural. Lima: Mosca Azul, 1981. p. 19-47.
FALS BORDA, O. La crisis, el compromiso y la ciencia. In: MONCAYO, V. (org.). Una sociología sentipensante para América Latina. Ciudad de México: Siglo XXI Ed.; Buenos Aires: Clacso, 2015 [1970]. p. 219-252.
FALS BORDA, O. Cómo investigar la realidad para transformarla. In: MONCAYO, V. (org.). Una sociología sentipensante para America Latina. Ciudad de México: Siglo XXI Ed.; Buenos Aires: Clacso, 2015 [1979]. p. 253-301.
GIUCA, S. Reinventare un futuro per i piccoli borghi facendo leva sui prodotti agroalimentari tipici e sulle filiere corte. In: DANSERO, E. et al. (org.). Lo spazio delle politiche locali del cibo: temi, esperienze e prospettive. Torino: Celid, 2019. p. 169-178.
HURTADO GALEANO, D.; NARANJO GIRALDO, G. Aprendizajes sociales y pedagogías ciudadanas. Apuntes para repensar la formación de ciudadanía en Colombia. Estudios Políticos, n. 21, p. 145-159, 2002.
KALTMEIER, O. Horizontal en lo vertical. ¿O como descolonizar las metodologías en contextos de extrema desigualdad y de la crisis planetaria? In: CORNEJO, Inés; RUFER, Mario (org.). Horizontalidad: hacia una crítica de la metodología. Buenos Aires: Clacso; Ciudad de México: Calas, 2020. p. 93-121.
LEYVA, X.; SPEED, S. Hacia la investigación descolonizada: nuestra experiencia de co-labor. In: LEYVA, X.; BURGUETE, A.; SPEED, S. (ed.). Gobernar (en) la diversidad: experiencias indígenas desde América Latina. Hacia la investigación de co-labor. Ciudad de México: Ciesas: Flacso Ecuador: Flacso Guatemala, 2008. p. 34-59.
MARIMAN, P. De sujetados a sujetos: el caso Mapuche en el Gulumapu. In: DÍAZ CROVETTO, G.; BINIMELIS-ESPINOZA, H.; PANTEL, B. (ed.). Abriendo el diálogo (in)disciplinar. Temuco, Chile: Ediciones de la UCT, 2018. p. 101-116.
MAX-NEEF, M. Foundations of transdisciplinary. Ecological Economics, n. 53, p. 5-16, 2005.
MBEMBE, A. Decolonizing the university: new directions. Arts & Humanities in higher education, v. 15, n. 1, p. 29-45, 2016.
MEMMI, A. Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2021 [1955-1956].
QUINCHÍA ROLDÁN, S. M. Política urbana y movimientos sociales en Medellín (Colombia): procesos de construcción y defensa del territorio. Territorios, n. 45, p. 127-145, 2021. DOI: https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/territorios/a.9917
QUINTERO WEIR, J. Conocer desde el sentipensar indígena. Teoría y práctica del conocimiento para la vida. Guadalajara, México: Universidad Autónoma Indígena (Uain): Wainjirawa, 2021.
RIVERA, F.; VERDEJO, D. Generación de conocimiento compartido: articulando prácticas de vinculación entre la universidad y el territorio. In: PÉREZ SÁNCHEZ, M. et al. (org.). Universidad y territorio: a 10 años del Programa Integral Metropolitano y 100 años de la reforma de Córdoba. Montevideo: PIM: Universidad de la República, 2018. p. 53-72.
SALAS ASTRAIN, R. Pensamiento latinoamericano y ciencias sociales críticas. In: DÍAZ CROVETTO, G.; BINIMELIS-ESPINOZA, H.; PANTEL, B. (ed.). Abriendo el diálogo (in)disciplinar. Temuco, Chile: Ediciones de la UCT, 2018. p. 183-197.
SAQUET, M. Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Editora Consequência, 2017.
SAQUET, M. O conhecimento popular na práxis territorial: uma possibilidade para trabalhar com as pessoas. AGEI – Geotema, Suplemento, p. 5-16, 2019.
SAQUET, M. Saber popular, praxis territorial e contra-hegemonía. Ciudad de México: Editorial ITACA, 2020.
SAQUET, M. Dos desenvolvimentos à práxis territorial de libertação como objeto de estudos da geografia. Revista Territorial, v. 10, n. 1, p. 34-63, 2021.
SAQUET, M. Singularidades: um manifesto a favor da ciência territorial popular feita na práxis descolonial e contra-hegemônica. Rio de Janeiro, RJ: Editora Consequência, 2022.
SAQUET, M. The Method of Coexistences in the University-Territory Interface. Perspectiva Geográfica, v. 28, n. 2, p. 1-20, 2023.
THOMPSON, E. A miséria da teoria ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar, 1981 [1978].
VERDIER, M. Mamushka de caminos: relatos que gestan relatos sobre los vínculos entre universidad y el pueblo. In: PÉREZ SÁNCHEZ, M. et al. (org.). Universidad y territorio: a 10 años del Programa Integral Metropolitano y 100 años de la reforma de Córdoba. Montevideo: PIM: Universidad de la República, 2018. p. 39-52.
VIVERO ARRIAGADA, L. Pensamiento crítico latinoamericano: desde la influencia del marxismo a la crisis de la hegemonía neoliberal. In: DÍAZ CROVETTO, G.; BINIMELIS-ESPINOZA, H.; PANTEL, B. (ed.). Abriendo el diálogo (in)disciplinar. Temuco, Chile: Ediciones de la UCT, 2018. p. 199-210.
WHITEHEAD, Alfred. El concepto de naturaleza. Buenos Aires: Cactus, 2019 [1919].
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Desenvolvimento em Questão 2024

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).