Escuta e dimensão sonora na experiência territorial
DOI :
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.61.16050Mots-clés :
Território, Percepção, Ecologia Acústica, Escuta Profunda, Paisagem sonoraRésumé
Este artigo apresenta e discute o aspecto sensorial e afetivo na relação com o território, aprofundando-se na experiência da escuta e dos ambientes sonoros. Compreendemos que o cuidado com a escuta e demais experiências sensoriais dos indivíduos conecta-se positivamente ao sentimento de pertencimento, revela conhecimentos territoriais e influencia na qualidade de vida humana, assim como na qualidade ambiental dos ecossistemas circundantes. O tema insere-se na lacuna reproduzida pelo fazer científico moderno: a insistência em boicotar o corpo e seus sentidos na produção de conhecimentos; ignorando a potência desse aspecto na experiência tanto do investigador quanto do mundo investigado. O artigo tem como objetivo apresentar e discutir abordagens sensoriais e afetivas como bases teóricas e ferramentas de diagnóstico, análise e avaliação vinculadas aos procedimentos metodológicos de estudos e ações no contexto do Desenvolvimento Territorial Sustentável, levando em conta uma aproximação mais sensível e criativa com os indivíduos e experiências de um território. O texto inicia-se com uma base teórica fundamentadora, chamando a atenção para as subjetividades da experiência corporal e cognitiva na construção de territórios e, na sequência, aborda aspectos relevantes do estudo do som e da escuta que integram um panorama do assunto; por fim, discute potenciais contribuições do tema para a abordagem territorial do desenvolvimento. Acreditamos que os estudos da escuta e ambiente sonoro podem participar do reconhecimento e análise de realidades territoriais, a fim de prospectar possibilidades inovadoras e sustentáveis de desenvolvimento territorial, bem como promover experiências educadoras e sensibilizadoras.
Références
CREMONEZ, B. H. Percepção e tecnologia: a escuta em interação com os dispositivos tecnológicos. 2017. 76 p. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8780. Acesso em: 25 set. 2022.
DALLABRIDA, V. R. Abordagem territorial do desenvolvimento e o desafio de um instrumental metodológico multidimensional: apresentação de dossiê. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Tatuapé, v. 18, n. 1, p. 8-12, jan./abr. 2022. DOI 10.54399/rbgdr.v18i1.6596. Disponível em: https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/6596. Acesso em: 18 nov. 2023.
DALLABRIDA, V. R. Patrimônio territorial: abordagens teóricas e indicativos metodológicos para estudos territoriais. Desenvolvimento em Questão, Ijuí: Editora Unijuí, v. 18, n. 52, p. 12-32, jul. 2020. DOI 10.21527/2237-6453.2020.52.12-32. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/desenvolvimentoemquestao/article/view/10533. Acesso em: 20 nov. 2023.
FONTERRADA, M. T. de O. Música e meio ambiente: a ecologia sonora. São Paulo: Irmãos Vitale, 2004.
HERMANN, N. Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre: Edipucrs, 2005.
INGOLD, T. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Tradução Fábio Creder. Petrópolis: Vozes, 2015.
KRAUSE, B. A grande orquestra da natureza: descobrindo as origens da música no mundo selvagem. Tradução Ivan W. Kuck. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Tradução Carlos Alberto R. de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
PADUA, L. C. T. A geografia de Yi-Fu Tuan: essências e persistências. 2013. Tese (Doutorado em Geografia Física) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, 2013. DOI 10.11606/T.8.2013.tde-09122013-114313. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-09122013-114313/pt-br.php. Acesso em: 21 set. 2024.
PECQUEUR, B. O desenvolvimento territorial: uma nova abordagem dos processos de desenvolvimento para as economias do sul. Raízes, Campina Grande, v. 24, n. 1 e 2, p. 10-22, jan./dez. 2005. DOI 10.37370/raizes.2005.v24.243. Disponível em: https://raizes.revistas.ufcg.edu.br/index.php/raizes/article/view/243/225. Acesso em: 10 set. 2024.
PEREIRA, L. C. Ouvindo no mangue: território e vida a partir dos sons. Ruris, Campinas, v. 13, n. 2, p. 140-166. 2022.
RISSO, L. C. Os conceitos de percepção e território como lentes para o entendimento cultural. Terr@ Plural, Ponta Grossa, v. 8, n. 2, p. 309-319, jul./dez. 2014.
SANTOS, B. S. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. Edição Kindle.
SCHAFER, M. R. A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora. Tradução Marisa Fonterrada. São Paulo: Unesp, 2001.
SCHAFER, M. R. As vozes da tirania: templos de silêncio. Tradução Marisa Fonterrada. São Paulo: Unesp, 2019. Edição Kindle.
SCHAFER, M. R. O ouvido pensante. Tradução Marisa Fonterrada et al. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2011.
SOUTHWORTH, M. The sonic environment of cities. Environment and Behavior, v. 1, n. 1, p. 49-70. 1969.
TORRES, M. Os sons da paisagem: entre conceitos, contextos e composições. Geograficidade, Niterói, v. 8, número especial, p. 141-154. 2018.
TRUAX, B. Acoustic communication. Norwood: Ablex Publishing Corporation, 1984. Disponível em: https://monoskop.org/images/1/13/Truax_Barry_Acoustic_Communication.pdf. Acesso em: 8 jul. 2023.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Tradução Livia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1980. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7471096/mod_resource/content/1/TUAN%2C%20Yi-Fu.%20Topofilia.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.
TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983. Disponível em: https://fundacc.sp.gov.br/wp-content/uploads/2021/04/Espaco-e-lugar-a-perspectiva-da-experiencia-YI-FU-TUAN.pdf. Acesso em: 5 out. 2024.
WESTERKAMP, H. Linking soundscape composition and acoustic ecology. Organised Sound, Cambridge, v. 7, n.1, p. 51-56, 2002. Disponível em: https://www.sfu.ca/sonic-studio-webdav/WSP_Doc/Articles/Westerkamp-Linking.pdf. Acesso em: 21 set. 2024.
WILSON, E. O. O futuro da vida: um estudo da biosfera para a proteção de todas as espécies, inclusive a humana. Tradução Ronaldo Sérgio de Biasi. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
WISNIK, J. M. O som e o sentido: uma outra história das músicas. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
ZORZETTE, R. Tons e ritmos da natureza: pesquisadores de área nascente da ecologia começam a usar o som para caracterizar ecossistemas e diferenciar as alterações típicas de cada ambiente das causadas pela intervenção humana. In: Revista Pesquisa Fapesp, São Paulo, 16 maio 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp. br/tons-e-ritmos-da-natureza/. Acesso em: 23 ago. 2023.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Desenvolvimento em Questão 2024

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International.
Ao publicar na Revista Desenvolvimento em Questão, os autores concordam com os seguintes termos:
Os trabalhos seguem a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato;
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, inclusive comercial.
Essas permissões são irrevogáveis, desde que respeitados os seguintes termos:
Atribuição — Atribuição — os autores devem ser devidamente creditados, com link para a licença e indicação de eventuais alterações realizadas.
Sem restrições adicionais — não podem ser aplicadas condições legais ou tecnológicas que restrinjam o uso permitido pela licença.
Avisos:
A licença não se aplica a elementos em domínio público ou cobertos por exceções legais.
A licença não garante todos os direitos necessários para usos específicos (ex.: direitos de imagem, privacidade ou morais).
A revista não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos, que são de exclusiva responsabilidade dos autores. O Editor, com o apoio do Comitê Editorial, reserva-se o direito de sugerir ou solicitar modificações quando necessário.
Somente serão aceitos artigos científicos originais, com resultados de pesquisas de interesse que não tenham sido publicados nem submetidos simultaneamente a outro periódico com o mesmo objetivo.
A menção a marcas comerciais ou produtos específicos destina-se apenas à identificação, sem qualquer vínculo promocional por parte dos autores ou da revista.
Contrato de Licença (para artigos publicados a partir de 2025): Os autores mantêm os direitos autorais sobre seu artigo, e concedem a Revista Desenvolvimento em Questão o direito de primeira publicação.