Um olhar decolonial sobre pioneirismo e gênero no sudoeste do Paraná

Autores

  • Jozieli Cardenal Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional https://orcid.org/0000-0003-4385-4375
  • Hieda Maria Pagliosa Corona Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional https://orcid.org/0000-0003-1790-5423
  • Josiane Carine Wedig Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional https://orcid.org/0000-0003-4569-6956

DOI:

https://doi.org/10.21527/2237-6453.2025.62.15231

Palavras-chave:

Colonialidade, Gênero, Racialização, Pioneirismo, História oral, Etnografia documental

Resumo

Este artigo mobiliza a perspectiva decolonial para demonstrar de que forma a colonialidade revela-se na violência epistêmica e na racialização presentes na ideia social de “pioneirismo”. Para tanto, apresenta como temática de estudo o povoamento de Pato Branco, cidade situada no Sudoeste do Paraná (Brasil), enquanto resultado de práticas de branqueamento sustentadas pela Marcha para o Oeste e pela criação da Colônia Agrícola Nacional General Osório (CANGO), projetos desenvolvimentistas promovidos pelo Estado Novo na década de 1940. A partir disso, propõe-se verificar como a diversidade compõe o tecido histórico-social diante de discursos baseados no modelo de pensamento do sistema-mundo moderno-colonial. Para tanto, o percurso metodológico aqui proposto traz a história oral e a etnografia documental para investigar lugares e vozes de mulheres diante do patriarcado e da racialização presentes em narrativas sociais.

Referências

ANZALDÚA, G. Los movimientos de rebeldía y las culturas que traicionan. In: bell hooks et al. (org.). Otras inapropiables. Madrid: Traficantes de Sueños, 2004. p. 71-80.

ANZALDÚA, G. Borderlands/La frontera: la nueva mestiza. San Francisco: Spinsters: Aunt Lute, 1987.

BENTO, C. O pacto da branquitude. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, 2016.

BOSI, E. O tempo vivo da memória. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

CÉSAIRE, A. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.

CORONA, H. P. A resistência inovadora: a pluriatividade no Sudoeste do Paraná. 1999. Tese (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999, 231 p.

CORREIO DO SUDOESTE. Capital do Sudoeste no seu 19º aniversário. Edição nº 205, 14 dez. 1971.

CORREIO DO SUDOESTE. Colono. Edição nº 242, 29 jul. 1972.

CORREIO DO SUDOESTE. 1492. El encobrimiento del Otro: hacia el origen del “mito de la Modernidad”. La Paz, Bolivia: Plural Editores: Centro de Informacón para el Desarrollo (CID), 1994.

CORREIO DO SUDOESTE. Pato Branco: 36 anos de desenvolvimento. Edição nº 140, 16 dez. 1988.

CORREIO DO SUDOESTE. Pato Branco: uma história de séculos. Edição nº 318, 14 dez. 1991.

DUSSEL, E. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo. Ciências Sociais: saberes coloniais e eurocêntricos, organizado por Edgardo Lander, 24-34. Buenos Aires, Argentina, 2005.

ESCOBAR, A. Territorios de diferencia: Lugares, movimientos, vida, redes. Bogotá: Envión Editores, 2010.

FANON, F. Peles negras, máscaras brancas. Salvador: Edufba, 2008.

FANON, F. Os condenados da terra. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

FEDERICI, S. Além da pele: repensar, refazer e reivindicar o corpo no capitalismo contemporâneo. São Paulo: Elefante, 2023.

FEDERICI, S. O patriarcado do salário: notas sobre Marx, gênero e feminismo. São Paulo: Boitempo, 2021.

GODOLPHIM, N. A fotografia como recurso narrativo: problemas sobre a apropriação da imagem enquanto mensagem antropológica. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 1, n. 2, p. 161-185, jul./set. 1995.

GOMES, I. Z. 1957: a Revolta dos Posseiros. Curitiba: Criar Edições, 1986.

GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, v. 92, n. 93, p. 69-82, 1988.

GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 25-49, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100002

IURCKEVICZ, C. Comunidade ucraniana de Alto Paraíso: permanências e mudanças no processo de reprodução social. 2018. 126 p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2018.

KOLING, P. J. A luta pela terra no Sudoeste do Paraná: a Revolta de 1957. In: MENDONÇA, Joseli Maria Nunes; SOUZA, Jhonatan U. (org.). Paraná insurgente: história e lutas sociais – secs. XVIII a XXI. 1 ed. Curitiba: Casa Leiria, 2018. p. 137-154.

LAMB, R. E. Uma jornada civilizadora: imigração, conflito social e segurança pública na Província do Paraná (1876-1882). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.

LUGONES, M. Colonialidad y género. Tabula Rasa, Bogotá, Colômbia, n. 9, p. 73-101, 2008. DOI: https://doi.org/10.25058/20112742.340

MARTINS, J. S. O tempo da fronteira. Retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira. Tempo Social, v. 8, n. 1, p. 25-70, 1996. DOI: https://doi.org/10.1590/ts.v8i1.86141

MARTINS, R. S. Entre jagunços e posseiros. Curitiba: Studio GMP, 1986.

MIGNOLO, W. Geopolítica de la sensibilidad y del conocimiento. Sobre (de) colonialidad, pensamiento fronterizo y desobediencia epistémica. Revista de Filosofía, n. 74, p. 7-23, 2013.

NOGUEIRA, C. E. Frentes pioneiras e formação territorial: a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) na consolidação do campo geográfico no Brasil. Revista Brasileira de História da Ciência, v. 5, n. 2, p. 315-335, 2012. DOI: https://doi.org/10.53727/rbhc.v5i2.292

PEIRANO, M. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, p. 377-391, jul./dez. 2014.

PEREIRA, L. F. Paranismo: o Paraná inventado; cultura e imaginário da Primeira República. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1997.

PIAIA, E. Territorialidades acionadas pelo saber-fazer artesanal de mulheres Kaingang da terra indígena Mangueirinha. 2021. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2021.

PRIORI, A. et al. História do Paraná: séculos XIX e XX. Maringá: EDUEM, 2012.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. Buenos Aires, Argentina: Clacso, 2005. p. 107-130.

SANTOS, B. S. Epistemologias del Sur. México: Siglo XXI, 2010.

SANTOS, R. A. O processo de modernização da agricultura no Sudoeste do Paraná. 246 p. 2008. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2008.

SAQUET, M. A. Abordagens e concepções sobre território. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

SEGATO, R. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2015.

VOLTOLINI, Sittilo. Retorno 1: origens de Pato Branco. 2. ed. Pato Branco: Imprepel, 2005.

WACHOWICZ, R. C. História do Paraná. 10. ed. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016.

WACHOWICZ, R. C. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2. ed. Curitiba: Editora Vicentina, 1987.

WALLERSTEIN, I. Impensar a ciência social: os limites dos paradigmas do século XIX. São Paulo: Ideias e Letras, 2006.

Downloads

Publicado

2025-03-20

Como Citar

Cardenal, J., Corona, H. M. P., & Wedig, J. C. (2025). Um olhar decolonial sobre pioneirismo e gênero no sudoeste do Paraná. Desenvolvimento Em Questão, 23(62), e15231. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2025.62.15231

Edição

Seção

Artigos