O processo deliberativo no Conselho Nacional de Assistência Social: uma análise da influência e estratégias de stakeholders
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2023.59.10536Palavras-chave:
Análise de stakeholders. Conciliadores políticos. Empreendedores políticos. Conselhos gestores. Análise de Discurso Crítica.Resumo
Este trabalho busca compreender as relações de poder na formulação de políticas públicas a partir de uma perspectiva crítica. Nesse sentido, o objetivo é analisar de que forma os stakeholders influenciam o processo de tomada de decisão no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), considerando os papéis institucionais que exercem e suas estratégias de discurso. Especificamente, analisou-se a atuação dos stakeholders relativos ao Benefício de Prestação Continuada, com amparo na Teoria de Stakeholders e na Análise de Discurso Crítica. O corpus da pesquisa foi composto por documentos das degravações de audiências públicas, de seis entrevistas com conselheiros e ex-conselheiros, além da observação não participante no âmbito do CNAS. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e Análise de Discurso Crítica. Os stakeholders que exerceram influência foram classificados em dois grupos: os empreendedores e os conciliadores políticos. Estes últimos utilizaram estratégias típicas de construção simbólica, como a racionalização e a simbolização de unidade. Este grupo demonstrou conhecimento técnico ao justificar as escolhas que eram tomadas em torno de mudanças de escopo do benefício. Já os empreendedores políticos destacaram-se pelo emprego da estratégia expurgo do outro, a qual foi utilizada enfaticamente ao tratar os conciliadores como inimigos perigosos.
Referências
ALMEIDA, L. A.; GOMES, R. C. Processo das políticas públicas: revisão de literatura, reflexões teóricas e apontamentos para futuras pesquisas. Cadernos EBAPE.BR (FGV), v. 16, p. 444-455, 2018a.
ALMEIDA, L. A.; GOMES, R. C. Discurso e poder na formulação de políticas públicas ambientais: o caso da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desenvolvimento em Questão, v. 16, p. 133, 2018b.
ALMEIDA, L. A.; GOMES, R. C. Perspectivas teóricas para a análise de políticas públicas: como lidam com a complexidade? Administração Pública e Gestão Social, v. 11, p. 16-27, 2019.
BRASIL. Coletânea de Artigos Comemorativos dos 20 Anos da Lei Orgânica de Assistência Social. Organizadores: José Ferreira da Crus...[et al]. - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – 1ª ed. – Brasília: MDS, 2013, 248p. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/20anosLOAS.pdf
CAPELLA, A. C. N. Um estudo sobre o conceito de empreendedor de políticas públicas: ideias, interesses e mudanças. Cadernos EBAPE. BR, v. 14, n. SPE, p. 486-505, 2016.
CHRISTOPOULOS, D.; INGOLD, K. Distinguishing between political brokerage & political entrepreneurship. Procedia – Social and Behavioral Sciences, [S.l.], v. 10, p. 36-42, 2011.
DEGRAVAÇÃO da 151ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Acesso por meio de solicitação formal à instituição, Brasília, set. 2007.
DEGRAVAÇÃO da 161ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Acesso por meio de solicitação formal à instituição, Brasília, set. 2008.
DEGRAVAÇÃO da 176ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Acesso por meio de solicitação formal à instituição, Brasília, set. 2010.
DEGRAVAÇÃO de entrevista concedida aos autores. Entrevistador: Aline Farias de Santana, arquivo sequencial n. 01, p. 2. Brasília, 2017.
DEGRAVAÇÃO de entrevista concedida aos autores. Entrevistador: Aline Farias de Santana, arquivo sequencial n. 06, p. 2. Brasília, 2017.
DONALDSON, T.; PRESTON, L. E. The stakeholder theory of the corporation: Concepts, evidence, and implications. Academy of management Review, v. 20, n. 1, p. 65-91, 1995.
FREEMAN, E. R. Strategic Management: A Stakeholder Approach. Massachusetts: Pitman, 1984.
FREITAS, M. J.; SOUZA, M. V. S.; MARTINS, R. F. A. O Benefício de Prestação Continuada – BPC: direito socioassistencial. In: COLIN, D. R. A. et al. (org.). 20 Anos da Lei Orgânica de Assistência Social. Brasília: [S.l.], 2013. p. 134-153.
GOMES, A. L. Benefício de Prestação Continuada – Direito da Assistência Social para pessoas idosas e com deficiência. Secretaria Nacional de Assistência Social –SNAS/MDS. Brasília. 2005.
GOMES, R. C.; LIDDLE, J.; GOMES, L. O. M. A Five-Sided Model of Stakeholder Influence. Public Management Review, [S.l.], v. 12, n. 5, p.701-724, set. 2010. Informa UK Limited.
KINGDON, J. W. Agendas, Alternatives, and Public Policies. 2. ed. New York: Harper Collins, 1995.
LORENZO, M. C. Análise das práticas de participação em conselhos deliberativos de políticas: o caso do Conselho Nacional do Esporte. 2008. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós de Graduação em Administração), Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil, 2008.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Métodos de coleta de dados: observação, entrevista e análise documental. In: LÜDKE, Menga; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. p. 25-44. Cap. 3.
MITCHELL, R. K.; AGLE, B. R.; WOOD, D. J. Toward a Theory of Stakeholder Identification and Salience: Defining the Principle of Who and What Really Counts. The Academy of Management Review, [S.l.], v. 22, n. 4, p. 853-886, out. 1997.
NOTA Taquigráfica da Audiência Pública nº 0837/06. Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Brasília, 2006.
NOTA Taquigráfica da Audiência Pública nº 0970/11. Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Brasília, 2011.
RESENDE, V. M.; RAMALHO, V. Análise de discurso crítica. São Paulo: Contexto, 2013.
SABATIER, P. A.; JENKINS-SMITH, H. C. Policy Change and Learning: An Advocacy Coalition Approach. Boulder: Westview, 1993. 304 p.
SABATIER, P. A. Theories of the policy process. 2. ed. Boulder, Colorado: Westview Press, 2007. p. 1-352.
SCHMIDT, V. A. Discursive Institutionalism: The Explanatory Power of Ideas and Discourse. Annual Review of Political Science, [S.l.], v. 11, n. 1, p. 303-326, jun. 2008. Annual Reviews.
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
SILVA, C. L.; BASSI, N. S. S. O uso de estudos prospectivos no processo de políticas públicas. Revista de Políticas Públicas, v. 15, n. 2, p. 315-325, 2012.
STAKE. R. E. Case studies. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (ed.). Handbook of qualitative research. London: Sage, 2000. p. 435-454.
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995. 427 p.
VIEIRA, D. M.; GOMES, R. C. Mudança Institucional Gradual e Transformativa: a influência de coalizões de advocacia e grupos de interesses em políticas públicas. O&S, Salvador, v. 21, n. 71, p. 679-694, out./dez. 2014.
VIZEU, F.; BIN, D. Democracia deliberativa: leitura crítica do caso CDES à luz da teoria do discurso. Revista de Administração Pública, [S.l.], v. 42, n. 1, p. 83-108, fev. 2008.
ZAHARIADIS, N. The multiple streams framework: structure, limitations, prospects. In: Theories of the Policy Process, Second Edition. Routledge, 2019. p. 65-92.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Desenvolvimento em Questão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao publicar na Revista Desenvolvimento em Questão, os autores concordam com os seguintes termos:
Os trabalhos seguem a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato;
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, inclusive comercial.
Essas permissões são irrevogáveis, desde que respeitados os seguintes termos:
Atribuição — Atribuição — os autores devem ser devidamente creditados, com link para a licença e indicação de eventuais alterações realizadas.
Sem restrições adicionais — não podem ser aplicadas condições legais ou tecnológicas que restrinjam o uso permitido pela licença.
Avisos:
A licença não se aplica a elementos em domínio público ou cobertos por exceções legais.
A licença não garante todos os direitos necessários para usos específicos (ex.: direitos de imagem, privacidade ou morais).
A revista não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos, que são de exclusiva responsabilidade dos autores. O Editor, com o apoio do Comitê Editorial, reserva-se o direito de sugerir ou solicitar modificações quando necessário.
Somente serão aceitos artigos científicos originais, com resultados de pesquisas de interesse que não tenham sido publicados nem submetidos simultaneamente a outro periódico com o mesmo objetivo.
A menção a marcas comerciais ou produtos específicos destina-se apenas à identificação, sem qualquer vínculo promocional por parte dos autores ou da revista.
Contrato de Licença (para artigos publicados a partir de 2025): Os autores mantêm os direitos autorais sobre seu artigo, e concedem a Revista Desenvolvimento em Questão o direito de primeira publicação.