Vazios patrimoniais e concentração de bens federais em Santa Catarina: Leitura interdisciplinar para o desenvolvimento regional
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2025.62.17400Palavras-chave:
patrimônio cultural, desenvolvimento regional, política de preservação, Santa Catarina, IPHANResumo
Este artigo investiga o vínculo entre patrimônio cultural e desenvolvimento regional em Santa Catarina, a partir dos 86 bens com status “Tombado” registrados pelo IPHAN até junho de 2025. A pesquisa emprega abordagem interdisciplinar e combina análise documental dos processos de tombamento, estatística descritiva e cartografia temática. Os achados revelam concentração espacial expressiva: Florianópolis, Blumenau, Pomerode, Joinville, Timbó e Indaial reúnem cerca de 65% dos bens protegidos. Em escala regional, observa-se maior concentração no Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis, seguidos pelo eixo Norte Litoral, enquanto o Planalto Serrano e o Oeste/Extremo-Oeste apresentam vazios patrimoniais. No recorte tipológico, destacam‑se edificações isoladas, seguidas de “edificação/acervo” e poucos conjuntos urbanos; não há tombamento federal de patrimônio natural. Tal distribuição indica seletividade que favorece centros economicamente consolidados e tipologias monumentais, reproduzindo desigualdades regionais. Os resultados também apontam que iniciativas voltadas à diversificação de tipologias, ao apoio técnico‑financeiro a municípios periféricos e à integração de políticas culturais, ambientais e urbanísticas poderiam ampliar o alcance territorial da proteção. Experiências de governança colaborativa, bem como ações direcionadas a paisagens culturais e bens naturais, surgem como caminhos promissores para aproximar a preservação patrimonial de estratégias regionais de desenvolvimento e inclusão social.
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