Atores e relações sociais na construção social dos mercados do Núcleo Alto Uruguai da Rede Ecovida de Agroecologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.60.15267

Palavras-chave:

Mercados, Relações sociais, Atores sociais

Resumo

Os mercados cada vez mais passam a fazer parte do cotidiano dos agricultores familiares, entretanto, ainda há gargalos para a participação destes nesses espaços. Organizações como a Rede Ecovida de Agroecologia buscam criar condições para enfrentar essas dificuldades e promover o desenvolvimento rural, tornando-a um campo importante para estudo, sobretudo para compreender a sua dinâmica. Desta forma, este trabalho objetiva caracterizar os atores sociais e institucionais e a rede de relações socioeconômica que influenciam os mercados dos agricultores familiares no Núcleo Alto Uruguai da Rede Ecovida. Para atender o objetivo da pesquisa utilizou-se dos aparatos da teoria de redes sociais de Mark Granovetter, a qual ajuda a identificar e elucidar os atores e as relações sociais. A pesquisa caracteriza-se como descritiva e a geração de dados primários se deu por entrevistas semiestruturadas com as entidades que compõem o Núcleo e a observação sistemática não-participante das reuniões de cinco grupos de agricultores do Núcleo. Já os dados secundários foram coletados através de pesquisa documental. Os principais resultados revelam que os agricultores no Núcleo Alto Uruguai constituem uma extensa rede social, envolvendo atores sociais e institucionais, individuais e coletivos, bem como externo e internos ao Núcleo, estes que influenciam de diferentes formas os mercados dos agricultores. A partir destes resultados, afere-se que a construção de mercados alternativos tem sido uma importante estratégia usada pelos agricultores familiares e organizações e que a análise de redes sociais é uma importante ferramenta para a interpretação dos mercados da agricultura familiar.

Referências

ABRAMOVAY, R. Entre Deus e o Diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais. Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 16, n. 2, 2004.

AGNE, C. L. Agroindústrias familiares e rede de relações sociais nos mercados de proximidade na Região Corede Jacuí Centro/RS. 2010. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/22721. Acesso em: 6 nov. 2022.

ALMEIDA, J. Da ideologia do progresso à ideia de desenvolvimento rural sustentável. In. ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z. (Orgs.). Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento sustentável. 3° ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

BASTARZ, C. Caminhadas na Natureza no Paraná: a rede de relações sociais na formação de mercados para a agricultura familiar. 2016. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/193312. Acesso em: 10 fev. 2022.

CAPA. Feiras Agroecológicas - Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia. Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia. [s.l.], [2022]. Disponível em: https://capa.org.br/feirasagroecologicas/. Acesso em: 6 nov. 2022.

CASSARINO, J. A. P. Construção de mecanismos alternativos de mercados no âmbito da Rede Ecovida de Agroecologia. 2012. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento) – Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br. Acesso em: 07 de jan. 2022.

CECAFES. Sobre a Cecafes. Erechim, [2022]. Disponível em: http://www.cecafes.com.br/sobre. Acesso em: 6 nov. 2022.

CETAP. Quem somos – CETAP. Passo Fundo [2022]. Disponível em: https://www.cetap.org.br/site/quem-somos/. Acesso em: 6 nov. 2022.

CETAP. Alimentos Agroecológicos: aproximando pessoas e mudando atitudes. Passo Fundo: CETAP, 2020. Disponível em: http://www.cetap.org.br/site/leia-a-revista-alimentos-agroecologicos-aproximando-pessoas-e-mudando-atitudes/. Acesso em: 6 nov. 2022.

CONCEIÇÃO, A. F. ESCHER, F. CAMPAGNOLLO, V. Cooperativa Econativa e Rede Ecovida de agroecologia: atores sociais e ação coletiva na construção de novos mercados e redes alimentares alternativas. In: CRUZ, F. T.; MATTE, A.; SCHNEIDER, S. (org.) Produção, consumo e abastecimento de alimentos: desafios e novas estratégias. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016. p. 203 – 214.

DAROLT, M. R. Circuitos curtos de comercialização de alimentos ecológicos: reconectando produtores e consumidores. In: NIEDERLE, P. A; ALMEIDA, L; VEZZANI, F. B. (org.). Agroecologia: prática, mercados e políticas para uma nova agricultura. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Curitiba, Kairós, 2013. p. 139 - 171. Disponível em: https://terradedireitos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/Livro-AGROECOLOGIA-FINAL-IMPRESSO.pdf. Acesso em: 08 set. 2022.

DIAS, V.V.; RÉVILLION, J. P. TALAMINI, E. Cadeias curtas de alimentos orgânicos: aspectos das relações de proximidade entre consumidores e agricultores no Brasil. In. SCHNEIDER, S. GAZOLLA, M. (Org.). Cadeias curtas e redes agroalimentares alternativas: negócios e mercados da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. p. 241 - 258.

ESCOSTEGUY, I.L.; PUGAS, A. S.; ROVER, O.J. Células de Consumidores Responsáveis: uma Proposta Coletiva de Venda Direta de Alimentos Orgânicos e Agroecológicos. In: DAROLT, M. R.; ROVER, O. J. (Org) Circuitos curtos de comercialização, agroecologia e inovação social. Florianópolis: Estúdio Semprelo, 2021. p. 63 - 82.

FLIGSTEIN, N.; DAUTER, L. A sociologia dos mercados. Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 66, p. 481-504, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/19426/12558. Acesso em: 22 jun. 2022.

FREITAS E. M.; KLEIN, E.; GONÇALVES, G. J. A Ecoterra e seu constructo territorial de mercado: As experiências de venda direta como antecedentes do Circuito Sul de Circulação e comercialização de produtos agroecológicos, criado no contexto da Rede Ecovida de Agroecologia. AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política, Francisco Beltrão, v. 2, n. 2, p. 144, 2020. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/26586. Acesso em: 28 set. 2022.

GABOARDI, S. C. Territorialidades da agricultura orgânica e da agroecologia na microrregião de Erechim/RS a partir das ações socioambientais do CAPA e do CETAP. 2017. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, 2017. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UNIOESTE-1_7f21f8d0f82aaa3a3da6df53546c2961. Acesso em: 12 ago. 2022.

GELBCKE, D. L.; SILVA, C. A.; ROVER, O. J.; Formas de Coordenação em Circuitos de Abastecimento de Alimentos Orgânicos na Grande Florianópolis. In: DAROLT, M. R.; ROVER, O. J. (Org) Circuitos curtos de comercialização, agroecologia e inovação social. Florianópolis: Estúdio Semprelo, 2021. p. 63 - 82.

GRANOVETTER, M. Ação econômica e estrutura social: o problema da imersão. In: MARTES, A. C. B. (org.). Redes e sociologia econômica. São Carlos: EdUFSCAR, 2014. p. 31-68.

GRANOVETTER, M. The strenght of weak ties. The American Journal of Sociology, Chicago, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973. Disponível em https://www.jstor.org/stable/2776392. Acesso em 13 abr. 2022

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, Chicago, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985. Disponível em https://faculty.washington.edu/matsueda/courses/590/Readings/Granovetter%20Embeddedness%20AJS.pdf. Acesso em 13 abr. 2022

GRANOVETTER, M. The impact of social structure on economic outcomes. Journal of Economic Perspectives, California, v.19, n.1, p. 33-50, 2005. Disponível em: https://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/0895330053147958. Acesso em: 19 jan. 2022.

GRISA, C. As redes e as instituições do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 6, n. 2, p. 97-129, maio/ago. 2010.

GRISA, C. et al. A desestruturação das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar: mudanças institucionais, estratégias de desmonte e novas configurações. Rio de Janeiro: Fundação Heirich Böll, 2022. E-book. Disponível em: https://br.boell.org/sites/default/files/2022-10/boll_desmonte_politicas_publicas_final.pdf. Acesso em 15 nov. 2022.

GÚZMAN, E. S. Origem, evolução e perspectivas do desenvolvimento sustentável. In. ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z. (Orgs.). Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento sustentável. 3° ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

MACIEL, R. G.; BECKER, C.; NESKE, M. Z. Os mercados da ovinocultura na pecuária familiar: proposições analíticas da Nova Sociologia Econômica. Revista de Economia e Sociologia Rural, São Paulo, v. 57, n. 3, p. 396–412, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/resr/a/jQLdWp8Lm8mrv8Wdbdvz7VC/?lang=pt&format=html. Acesso em: 28 set. 2022.

MARTELETO, R.; OLIVEIRA, E.; SILVA, A. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 3, p. 41-49, set./dez. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ci/a/tTzcLwn7BnJGcD3Bjgcbdsp/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 15 mar. 2022.

MIZRUCHI, M. S. Análise das redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais. In: MARTES, A.C.B. (org.). Redes e sociologia econômica. São Carlos: EdUFSCAR, 2014.

NIEDERLE, P.A.; MARQUES, F.C. Produção ecológica de alimentos e mudanças institucionais: implicações para a construção de novos mercados. In: MARQUES, F.C.; CONTERATO, M.A.; SCHNEDIER, S. (Org.). Construção de mercados e agricultura familiar: desafios para o desenvolvimento rural. 1 ed. Porto Alegre, 2016. pp. 275-310.

NIEDERLE, P. A.; RADOMSKI, G. F. W. Afinal, que inclusão produtiva? A contribuição dos novos mercados alimentares. In: DELGADO, G. C; BERGAMASCO, S. M. P. P. (ed.). Agricultura familiar brasileira: desafios e perspectivas de futuro. Brasília: MDA, 2017. p. 166-194.

OLIVEIRA, D.; GRISA, C.; NIEDERLE, P. Inovações e novidades na construção de mercados para a agricultura familiar: os casos da Rede Ecovida de Agroecologia e da RedeCoop. Redes, Santa Cruz Sul, v.25, n.1, p. 135-163, janeiro-abril, 2020.

PREISS, P. V.; MARQUES, F. C. Tendências no movimento de relocalização alimentar brasileiro: uma análise de iniciativas colaborativas de compras. Tessituras, v. 3, n. 2, p. 269-300, 2015.

RADOMSKY, G. F. W. Redes sociais de reciprocidade e de trabalho: as bases histórico-sociais do desenvolvimento na serra gaúcha. Porto Alegre, 2006. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. Disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7993/000564047.pdf?sequence=1. Acesso em: 10 mai. 2022.

RAUD, C. Análise crítica da Sociologia Econômica de Mark Granovetter: os limites de uma leitura do mercado em termos de redes e imbricação. Política & Sociedade, Florianópolis, n.6, p. 59-82, abril de 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/1931. Acesso em: 28 ago. 2022.

RETING, H; MARSDEN, T; BANKS, J. Compreendendo as redes agroalimentares alternativas: o papel das cadeias curtas de abastecimento de alimentos no desenvolvimento rural. In: SCHEINDER, S.; GAZOLLA, M. (org.). Cadeias curtas e redes agroalimentares alternativas: negócios e mercados da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS. 2017, p. 27-51.

ROSSI, A.; BRUNORI G. As cadeias curtas de abastecimento na inovação dos Grupos de Aquisições Solidárias (GAS): a construção social das práticas (alimentares) sustentáveis. In. SCHNEIDER, S. GAZOLLA, M. (Org.). Cadeias curtas e redes agroalimentares alternativas: negócios e mercados da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. p. 83 - 103.

SCHMITT, C. J; GRISA, C. Agroecologia, Mercados e Políticas Públicas: Uma Análise a partir dos Instrumentos de Ação Governamental. In: NIEDERLE, P. A; ALMEIDA, L; VEZZANI, F. B. (org.). Agroecologia: prática, mercados e políticas para uma nova agricultura. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Curitiba: Kairós, 2013. p. 215-266. Disponível em: https://terradedireitos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/Livro-AGROECOLOGIA-FINAL-IMPRESSO.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022.

SCHNEIDER, S. Mercados e agricultura familiar. In: MARQUES, F. C et al. (org.). Construção de mercados e agricultura familiar: desafios para o desenvolvimento rural. Série Estudos Rurais. Porto Alegre Editora da UFRGS., 2016. p. 93-140.

SILVA, R. M. A.; NUNES, E. M. (2023). Agricultura familiar e cooperativismo no Brasil: uma caracterização a partir do Censo Agropecuário de 2017. Revista de Economia e Sociologia Rural, 61(2), e252661. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2021.252661

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG. SIG@SC. Sc.gov.br. Disponível em: <http://sigsc.sc.gov.br/documentacao.html>. Acesso em: 10 maio 2023.

WILKINSON, J. Sociologia econômica, a teoria das convenções e o funcionamento dos mercados: inputs para analisar os micros e pequenos empreendimentos agroindustriais no Brasil. Ensaios FEE, Porto Alegre, v.23, n. 2, 2002. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/235711746.pdf. Acesso em 17 maio. 2022.

ZELIZER, V. Beyond the Polemics on the Market: Establishing a Theoretical and Empirical Agenda. Sociological Forum, [s.l.], v.3, n.4, p. 614-634, 1988. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/684548. Acesso em: 13 abr. 2022.

Downloads

Publicado

2024-04-25

Como Citar

Toniolo, F., & da Silva, L. X. (2024). Atores e relações sociais na construção social dos mercados do Núcleo Alto Uruguai da Rede Ecovida de Agroecologia . Desenvolvimento Em Questão, 22(60), e15267. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.60.15267

Edição

Seção

Artigos