Venezuelanos no Brasil: YouTube como ferramenta facilitadora para os migrantes
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2023.59.12519Palavras-chave:
Venezuela, Migrações, Capital de Rede, YouTubeResumo
A atual diáspora venezuelana é um exemplo da crise emigratória no mundo. Aproximadamente 6,15 milhões de venezuelanos já deixaram o país devido à grave crise humanitária. Entre os destinos escolhidos está o Brasil, país problemático no que diz respeito à acolhida, de difícil adaptação socioeconômica, cultural e de idioma. O presente artigo explora mecanismos que tornam possível a migração venezuelana para o Brasil, apesar das barreiras encontradas. Para tal, tem como objetivo observar o papel desempenhado pela plataforma YouTube como facilitadora dos deslocamentos contemporâneos. Para dar suporte teórico aos esforços aqui empreendidos, a partir dos conhecimentos produzidos por emigrantes venezuelanos no YouTube, fez-se uso da ferramenta capital de rede para explanação crítica dos fenômenos emigratórios em questão. Os achados demonstraram que esta rede social mostra-se capaz de atenuar o processo emigratório de outros venezuelanos a partir do conteúdo produzido por emigrantes YouTubers.
Referências
ACNUR. Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Perfil Socioeconômico dos Refugiados no Brasil. 2019. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2019/05/Resumo-Executivo-Versa%CC%83o-Online.pdf. Acesso em: 3 ago. 2019.
BORON, A. Orígenes, magnitud y condicionantes de la situación actual de Venezuela. In: CHAVEZ, D. et al. Venezuela: Lecturas urgentes desde el sur. Buenos Aires: Clacso, 2017.
BRICEÑO-LEÓN, R. A violência na Venezuela: renda petroleira e crise política. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. suppl, p. 1.223-1.233, 2006.
CHAVEZ, D. et al. Venezuela: lecturas urgentes desde el sur. Buenos Aires: Clacso, 2017.
CORAZZA, F.; MESQUITA, L. Crise na Venezuela: o que levou o país vizinho ao colapso econômico e à maior crise de sua história. BBC News, 30 abr. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45909515. Acesso em: 2 jun. 2019.
CRESSWELL, T. Towards a politics of mobility. Environment and planning: society and space, Santa Bárbara, CA, v. 28, n. 1, p. 17-31, 2010.
ELLIOTT, A.; URRY, J. Mobile lives. Londres: Routledge, 2010.
EXÉRCITO DO BRASIL. Operação Acolhida: núcleo familiar é preservado nos abrigos para imigrantes em Boa Vista. Exército do Brasil, abr. 2018. Disponível em: https://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-/asset_publisher/MjaG93KcunQI/content/operacao-acolhida-nucleo-familiar-e-preservado-nos-abrigos-para-imigrantes-em-boa-vista-e-pacaraima. Acesso em: 4 ago. 2019.
FONTAINE, G.; CAVIEDES, C. M. How resource nationalism hinders development: the institutional roots of the economic recession in Venezuela. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 67, n. 4, 2016.
FRALINGER, B.; OWENS, R. You Tube as a learning tool. Journal of College Teaching & Learning (TLC), Littleton, CO, v. 6, n. 8, 2009.
FREIRE-MEDEIROS, B.; TELLES, V. S.; ALLIS, T. Apresentação: por uma teoria social on the move. Tempo Social, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 1-16, 2018.
HANNAM, K.; SHELLER, M.; URRY, J. Editorial: Mobilities, immobilities and moorings. Mobilities, Lancaster, v. 1, n. 1, p. 1-22, 2006.
HIDALGO-MARÍ, T.; SEGARRA-SAAVEDRA, J. El fenómeno youtuber y su expansión transmedia. Análisis del empoderamiento juvenil en redes sociales. Fonseca, Journal of Communication, Salamanca, v. 15, p. 43-56, 2017.
HOGAN, A. Boundary spanners, network capital and the rise of edu-businesses: The case of News Corporation and its emerging education agenda. Critical Studies in Education, Londres, v. 56, n. 3, p. 301-314, 2014.
JENSEN, A. Mobility, space and power: On the multiplicities of seeing mobility. Mobilities, Lancaster, v. 6, n. 2, p. 255-271, 2011.
JEREZ, F. A. La movilidad socio-espacial desde la teoría de Pierre Bourdieu: capital de motilidad, campo de movilidad y habitus ambulante. Sociedad y Economía, Cali, n. 31, p. 15-32, 2016.
JOHN, M. Venezuelan economic crisis: crossing Latin American and Caribbean borders. Migration and Development, Oxford, v. 8, n. 3, p. 437-447, 2019.
KAUFMANN, V. Mobility as a Tool for Sociology. Sociologica, Bologna, v. 8, n. 1, 2014.
KAUFMANN, V.; BERGMAN, M. M.; JOYE, D. Motility: mobility as capital. International journal of urban and regional research, New York, v. 28, n. 4, p. 745-756, 2004.
LOIZOS, P. Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 137-155.
MANTOVANI, E. T. El fantasma de la Gran Venezuela: un estudio del mito del desarrollo y los dilemas del petro – Estado en la Revolución Bolivariana. Caracas: Celarg, 2014.
MANTOVANI, E. T. Las nuevas fronteras de las commodities en Venezuela: extractivismo, crisis histórica y disputas territoriales. Ciencia Política, Bogotá, v. 11, n. 21, p. 251-285, 2016.
MARTIN, F. Rethinking network capital: hospitality work and parallel trading among Chinese students in Melbourne. Mobilities, Lancaster, v. 12, n. 6, p. 890-907, 2017.
MELLO, S. C. B.; BASTOS, A. F. S.; MELLO, G. B. [Im]Mobility and Trucking Disruption: what happened to isolated cities and individuals in Brazil after a supply blockage. Applied Mobilities, Londres, v. 7, n. 2, 2022.
OIM. Organização Internacional Para as Migrações. Informe de Interiorização Janeiro 2021. Disponível em: https://r4v.info/es/situations/platform/location/7509. Acesso em: 20 mar. 2021.
PARDO, D. Como era a “Venezuela saudita”, um dos países mais ricos dos anos 50 e 80. BBC News Mundo, 2 mar. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-4742373. Acesso em: 23 abr. 2020.
POLÍCIA FEDERAL. Migração. Polícia Federal do Brasil. Out. 2019. Disponível em: http://www.pf.gov.br/servicos-pf/imigracao/Apresentao_setembro_2019_VF.pdf/view. Acesso em: 20 out. 2019.
R4V. Plataforma Regional de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da Venezuela. Refugiados y migrantes de Venezuela. Acnur – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. 2022. Disponível em: https://r4v.info/es/situations/platform. Acesso em: 8 jan. 2022.
RETTIE, R. Mobile phones as network capital: facilitating connections. Mobilities, Lancaster, v. 3, n. 2, p. 291-311, 2008.
ROSALES, A. Radical rentierism: gold mining, cryptocurrency and commodity collateralization in Venezuela. Review of International Political Economy, Londres, v. 26, n. 6, p. 1.311-1.332, 2019.
SANTOS, B. S. Um mundo sem Fronteiras? Outras Palavras, 9 maio 2019. Disponível em: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/boaventura-um-mundo-sem-fronteiras/. Acesso em: 22 out. 2020.
SHELLER, M.; URRY, J. The new mobilities paradigm for a live sociology. Current Sociology, Londres, v. 62, n. 6, p. 789-811, 2014.
SHELLER, M.; URRY, J. The new mobilities paradigm. Environment and Planning, Londres, v. 38, p. 207-226, 2006.
SIMÕES, Gustavo Frota et al. Perfil sociodemográfico e laboral da imigração venezuelana no Brasil. Curitiba: CRV, 2017.
UNHCR. Global Trends in Forced Displacement – 2021. 16 jun. 2022. Disponível em: https://www.unhcr.org/statistics/unhcrstats/60b638e37/global-trends-forced-displacement-2020.html/. Acesso em: 30 jun. 2022.
URRY, J. Mobilities. Londres: Polity, 2007.
URRY, J. Social networks, mobile lives and social inequalities. Journal of Transport Geography, Londres, v. 21, p. 24-30, 2012.
WELLMAN, B. et al. Network capital in a multi-level world: Getting support from personal communities.
Social Capital: Theory and Research, New York, v. 1, n. 10, p. 233-273, 2001.
WONG, S.; SALAFF, J. W. Network capital: emigration from Hong Kong. British Journal of Sociology, Londres, v. 49, n. 3, p. 358-374, 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Desenvolvimento em Questão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao publicar na Revista Desenvolvimento em Questão, os autores concordam com os seguintes termos:
Os trabalhos seguem a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato;
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, inclusive comercial.
Essas permissões são irrevogáveis, desde que respeitados os seguintes termos:
Atribuição — Atribuição — os autores devem ser devidamente creditados, com link para a licença e indicação de eventuais alterações realizadas.
Sem restrições adicionais — não podem ser aplicadas condições legais ou tecnológicas que restrinjam o uso permitido pela licença.
Avisos:
A licença não se aplica a elementos em domínio público ou cobertos por exceções legais.
A licença não garante todos os direitos necessários para usos específicos (ex.: direitos de imagem, privacidade ou morais).
A revista não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos, que são de exclusiva responsabilidade dos autores. O Editor, com o apoio do Comitê Editorial, reserva-se o direito de sugerir ou solicitar modificações quando necessário.
Somente serão aceitos artigos científicos originais, com resultados de pesquisas de interesse que não tenham sido publicados nem submetidos simultaneamente a outro periódico com o mesmo objetivo.
A menção a marcas comerciais ou produtos específicos destina-se apenas à identificação, sem qualquer vínculo promocional por parte dos autores ou da revista.
Contrato de Licença (para artigos publicados a partir de 2025): Os autores mantêm os direitos autorais sobre seu artigo, e concedem a Revista Desenvolvimento em Questão o direito de primeira publicação.