Transfusões de hemocomponentes por internação hospitalar na rede pública municipal de Belo Horizonte entre 2008 e 2021: Uma análise de série temporal
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14650Palavras-chave:
Sangue, Transfusão de sangue, Transfusão, Hemocomponente, Série temporal, InternaçãoResumo
As taxas de transfusões de sangue aumentam em todo o mundo. Este trabalho é um estudo retrospectivo longitudinal com dados referentes ao uso de hemocomponentes entre janeiro de 2008 e dezembro de 2021 na rede hospitalar pública do município de Belo Horizonte, Minas Gerais: HRTN – Hospital Risoleta Tolentino Neves, HMDCC – Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro e HMOB – Hospital Metropolitano Odilon Behrens. Objetivos: Descrever as séries mensais do número de transfusões de hemocomponentes e a taxa de transfusão por internação em internações gerais sob a perspectiva da análise de séries temporais. Métodos: A partir de dados do Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH-SUS) foram criadas seis séries temporais, de periodicidade mensal, do número de transfusões de hemocomponentes e da taxa de transfusão por internação. A estacionariedade, a tendência e a sazonalidade das séries foram verificadas pelo teste de raiz unitária, pelo teste de Mann-Kendall e pelo teste de Fisher, respectivamente. A hipótese de normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Todos os testes estatísticos utilizaram o nível de significância de 5%. Resultados: A taxa média mensal de uso de hemocomponentes por internação hospitalar observada foi de 45,5%, 26,9% e 26,3% no HRTN, HMDCC e HMOB, respectivamente. A maior redução do número de transfusões de hemocomponentes foi observada no HMDCC e a maior redução da taxa de uso de hemocomponentes foi observada no HRTN. O concentrado de hemácias foi o hemocomponente mais utilizado no HRTN, HMOB e HMDCC (54,6%, 58,3% e 65,4%, respectivamente). Todas as séries apresentaram-se não estacionárias, com tendência de queda e presença do componente sazonal com periodicidade de 12 meses. Conclusão: A redução do número de transfusões deve ser considerada um fenômeno positivo no que se refere à Saúde Pública pela melhor gestão da utilização e qualidade, pois observa-se redução das taxas de doação de sangue.
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