Do “coitadismo” à “parasitagem”: O estigma do refugiado como mecanismo social para a (des)efetivação dos direitos da personalidade na era da pós-verdade
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2025.26.16541Palavras-chave:
Direitos humanos, dignidade, extrema-direita, imigração, refúgioResumo
Este estudo investiga o impacto do estigma associado como mecanismo de (des)efetivação dos direitos da personalidade dos refugiados, na era da pós-verdade, buscando demonstrar e discutir sobre como o estigma intensifica a vulnerabilidade dos refugiados, perpetuando ciclos de exclusão e desumanização. A pesquisa também explora como a era da pós-verdade contribui para a perpetuação de narrativas estigmatizantes, que oscilam entre retratar os refugiados como "coitados" ou "parasitas". A abordagem teórica, que combina métodos quantitativos e qualitativos, examina como essas percepções influenciam as políticas anti-imigração e a recepção social nos países de acolhimento. A análise revela que a crise enfrentada é tanto migratória quanto de direitos humanos, onde a dignidade dos refugiados é constantemente ameaçada pela desinformação e pela manipulação das narrativas. O estudo conclui que o estigma e a pós-verdade, ao atuarem em conjunto, se tornam ferramentas poderosas na erosão dos direitos dos refugiados, contribuindo para sua marginalização social.
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