O sofrimento dos que trabalharam com direitos humanos no regime Bolsonaro
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2025.26.16299Palavras-chave:
Direitos Humanos, Psicanálise, Sofrimento, BolsonaroResumo
O presente texto investiga o impacto das perdas de direitos humanos vivenciadas durante o governo de Jair Bolsonaro e as consequências dessas na subjetividade dos atores sociais ligados à defesa dos direitos humanos em Tocantins e São Paulo. O método de pesquisa foi a entrevista com lideranças que defendem Direitos Humanos e os dados foram analisados através de uma modalidade mista de análise do discurso com análise das narrativas de sofrimento. Duas formas de sofrimento emergem na pesquisa; a primeira diz respeito às consequências do que podemos denominar de “políticas de inanição”, que seriam determinadas pelos cortes sistemáticos de verbas e financiamentos públicos durante o período de 2018 a 2022. A segunda aparece relacionada aos discursos de ódio, tanto propalados pelo ex-presidente como pelas milícias digitais bolsonaristas. Sentimentos de ansiedade, medo, impotência, desânimo e depressão foram narrados pelos entrevistados como consequência desse quadro social e político. No entanto, aparecem diversas ações de resistência, luta, elaboração das perdas e formas de enfrentamento dessa condição.
Referências
ABGLT et al. Mortes e violências contra LGBTQIA+ no Brasil. Florianópolis, SC: Acontece, ANTRA, ABGLT, 2022. Disponível em: https://observatoriomorteseviolenciaslgbtibrasil.org/wp-content/uploads/2023/05/Dossie-de-Mortes-e-Violencias-Contra-LGBTI-no-Brasil-2022-ACONTECE-ANTRA-ABGLT.pdf. Acesso em: 20/06/2024.
BRANDÃO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. 3ª ed. rev. Campinas: SP: Editora Unicamp, 2012.
BRASIL. Lei 13.260/2016 de 17 de março de 2016. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília - DF, 17 dez.
BRASIL. Na linha de frente: violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil (2019 a 2022). Disponível em https://terradedireitos.org.br/nalinhadefrente/ . Acesso em 25/07/2023.
BUTLER, J. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Trad. Andreas Lieber. Belo Horizonte: Autêntica. 2019.
CLEMENTS, F. E. Primitive Concepts of Disease. In: University of California Publications in American Archaeology and Ethnology, v. 32. n. 2 p.185-252. 1932.
DI MARTINO, M. DUNKER. Sofrimento e identificação no neoliberalismo: os batalhadores brasileiros e a “virada conservadora” nas eleições de 2018. Trivium: Estudos Interdisciplinares. Ano XV. n 2. p. 65-84. 2023.
DUNKER. C. Mal-estar, sofrimento e sintoma. Uma psicopatologia do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo, 2015.
DUNKER. C.; PAULON, C. P.; MILÁN-RAMOS, J. G. Análise psicanalítica de discurso: perspectivas lacanianas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.
DUNKER. C. Lacan e a democracia. São Paulo: Boitempo, 2022.
DUNKER C. Lutos finitos e infinitos. São Paulo: Boitempo, 2023.
FERREIRA, M. S. Pisando em óvulos: A violência obstétrica como uma punição sexual às mulheres. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Ciências Sociais (FCS), Goiânia, 2019, 209 p.
FOUCAUT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collége de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1966.
GUARESCI, C. Criada há cinco anos, Lei Antiterrorismo gerou efeito cascata no Legislativo, com outros 36 PLs. Reportagem do Brasil de Fato. 2021. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2021/12/20/criada-ha-cinco-anos-lei-antiterrorismo-gerou-efeito-cascata-no-legislativo-com-outros-36-pls Acesso em: 12/02/2024.
HUNT, L. A invenção dos direitos humanos: uma história. trad. Rosaura Eicheberg. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
KAMENSZAIN, T. La boca del testimonio: lo que dice la poesía. Michigan: Grupo Editorial Norma, 2007.
LACAN, J. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise. In J. Lacan, Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1952.
LA FLOR, M. J.; GROSS, N. F.; PIETRO, L. B. A concretização dos direitos humanos através das políticas públicas: o direito à moradia e a discricionariedade administrativa municipal. Revista Direitos Humanos e Democracia - Editora Unijuí – ISSN 2317-5389 – Ano 13 – N. 25 – 2025 – e16191
MASCARO, A. Crítica do fascismo. São Paulo: Boitempo. 2022.
NOVAES, J. BIRMAN, J. Narrando dores: testemunho, luto e memória. Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 56, p. 93-110, 2024
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica a afirmação do óbvio. Campinas: São Paulo: Unicamp, 2014.
ROCHA, J. C. de C. Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político. Goiânia: Caminhos. 2021.
ROCHA, Z. Esperança não é esperar, é caminhar. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., X, 2, 255-273. 2007.
ROSA, C. M. A tragédia grega e as tragédias da pandemia no Brasil. PONTEL, Evandro et al. Em: Diagnóstico do tempo: implicações éticas, políticas e sociais da pandemia. Porto Alegre: Ed Fundação Fênix, 2020. SAFATLE, V. O circuito dos afetos: Corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo: Autêntica, 2016.
SAFATLE, V. Maneiras de transformar mundos: Lacan, política e emancipação. São Paulo: Autêntica, 2021.
SAFATLE, V. SILVA JR, N. AUTOR. Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica. 2021.
SANTOS, B. de S. Se Deus fosse um ativista dos Direitos Humanos. São Paulo: Cortez. 2014.
SANTOS, B. de S. O futuro começa agora: da pandemia à utopia. São Paulo: Boitempo, 2022. 426p.
SCHINCARIOL, R. L. F. C. ABREU, G. O. Fortalecimento da democracia: Monitoramento das recomendações da Comissão Nacional da Verdade. Instituto Vladimir Herzog. 2023. Disponível em https://vladimirherzog.org/relatorio-fortalecimento-democracia-brasileira/. Acesso em 17 de junho de 2024.
TERTO NETO, U. Bolsonaro, Populism and the Fascist Threat: The Role of Human Rights Defenders in Protecting Brazilian Democracy. Kairos: A Journal of Critical Symposium Vol. 5, no. 1, 2020.
SOUSA, E. L. A. Luto e memória. Correio da APPOA. Política em tempos virulentos. n. 303, out-dez 2020.
VILHENA, J. NOVAES, J. O corpo que resta... Corpo, luto e memória. Porto Alegre: Appris. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Direitos Humanos e Democracia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação na Revista Direitos Humanos e Democracia do(s) artigo(s) aceitos para publicação à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da revista e suas bases de dados de indexação e repositórios, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Isto significa que, ao procederem a submissão do(s) artigo(s) à Revista Direitos Humanos e Democracia e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, os autores têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
b. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
d. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
e. O(s) A(s) autores(as) declaram que o texto que está sendo submetido à Revista Direitos Humanos e Democracia respeita as normas de ética em pesquisa e que assumem toda e qualquer responsabilidade quanto ao previsto na resolução Nº 510/2016, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa.
f. Os autores declaram expressamente concordar com os termos da presente Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a submissão caso seja publicada por esta Revista.
g. A Revista Direitos Humanos e Democracia é uma publicação de acesso aberto, o que significa que todo o conteúdo está disponível gratuitamente, sem custo para o usuário ou sua instituição. Os usuários têm permissão para ler, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar, criar links para os textos completos dos artigos, ou utilizá-los para qualquer outro propósito legal, sem pedir permissão prévia do editor ou o autor. Estes princípios estão de acordo com a definição BOAI de acesso aberto.